12 março, 2007

O dia nasce feliz, mesmo assim?

Fui ontem ver o documentário "Pro dia nascer feliz", no Espaço Unibanco. O filme trata das diferenças e igualdades presentes no ensino público e privado no nosso imenso país, acompanhando alguns jovens em suas escolas.
 
Rodado num período de aproximadamente um ano e meio, o filme mostra situações tristes, como as condições precárias de uma escola no interior de um estado nordestino, mas nos mostra a situação próxima de escolas no tal "eixo rico" do país, como São Paulo e Rio de Janeiro. Além disso, mostra a realidade das pessoas envolvidas, a violência e outros fatores externos que influenciam no processo de formação dessas pessoas.
 
É triste ver uma estudante que tem como principal passatempo escrever poesias, ler, entre outros autores, Carlos Drummond de Andrade e Manoel Bandeira, não receber créditos pelo seu trabalho. Mas durante a projeção, quando se acha que se chegou ao fundo do poço com esta injustiça, vemos o mundo das drogas e do crime atingindo os alunos e, para completar, um conselho de classe de uma escola em Duque de Caxias/RJ, enquanto o aluno carioca acompanhado pela equipe do filme é aprovado, mesmo sem ter condição alguma para tal, só para que não se sinta desmotivado e acabe desistindo de estudar.
 
Em paralelo, temos um colégio de classe alta em São Paulo, onde alunas tensas por terem de fazer exames finais, aguardam o veredito do conselho de classe. O Colégio Santa Cruz, onde foi filmada esta parte do documentário, não permitiu a filmagem do conselho. É curioso como, durante uma entrevista a equipe, uma das meninas tem uma crise de auto-estima e acaba por desmoronar em frente às câmeras.
 
Depois de assistir a este filme, eu que estudei em escola pública e vi muitos dos meus colegas de classe irem a conselho e serem aprovados, me pergunto: como diabos eu consegui chegar e passar pela faculdade?
 
Fui tratado por muitos professores como se eles fossem responsáveis pelo meu sucesso acadêmico e ontem, discutindo o filme com uma professora, vi mais uma vez que somos responsáveis por nós mesmos, através de toda a vida acadêmica.
 
Fica só a pergunta: até onde eu poderia ter ido com um ensino melhor? E se comigo é assim, e com esses tantos outros alunos que passam por escolas assim, com ensino depredado?

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