17 outubro, 2011

Processos de composição

Me peguei, 6a à noite, escrevendo uma música.
Tecnicamente nem escrevendo estava, afinal, só gravei o áudio. Mas é impressionante como a música veio quase toda na minha cabeça, com direito a linha de baixo, teclado e tudo mais. Obviamente, a letra ficou de fora.
De repente, me vi, com algo quase pronto no colo. A dificuldade ficou só em traduzir aquilo tudo pros instrumentos e gravar em multicanais no note mesmo.

Isso levanta na minha mente uma questão: até onde nós realmente criamos algo nesse setor artístico, até que ponto não somos meras antenas captando as energias do universo e as traduzindo em algo inteligível pra que sejam apreciadas por todos, com uma pitada do que dita o nosso próprio coração?

Me lembro de estar na Federação Espírita Paulista e ouvir de um senhor de sorriso fácil e sereno que tudo o que criamos é resultado do que paira no ar, que somos essas antenas que citei acima. E ele dizia isso com poesia, com uma delicadeza de quem acaricia os ouvidos de um estranho com as mais belas e verdadeiras palavras que se pode pronunciar.

Se assim é, vamos ver quando as antenas captam novamente o fim dessa história. Ao menos um trechinho vem pra cá pra vocês ouvirem. Curioso, novamente, é que a melodia ficou triste, quase soturna em sua primeira versão.

13 outubro, 2011

Sacrovilania

É como se, poeticamente, fosse rogado a ele que tivesse esse anseio...
Mas desde sempre, presente dentro de sua essência, sentia que aquilo era necessário. Talvez, fosse aquilo que o motivasse a seguir em frente.
Tal qual um romance entre um ser etéreo e uma mortal, aquele cenário se pintava em sua vida. E ainda assim, antes, ele o vivera.
Nemesis, talvez. "Judith", ele sempre pensou.
Mas será que esse homem precisa disso? De onde vem essa analogia que ele sente, que o leva a crer que precisa dessa mistura de porto seguro e ruína, de fascínio e repulsa presente nessa sacrovilã relação?
A sensação de missão a cumprir escorrendo pelos dedos já tirou muito de seu sono. E ao mesmo tempo, já lhe deu muitos sonhos felizes.
Só que o tempo passou, muito aconteceu e ele mudou.

Pra onde irá agora.

Às vezes, só precisava ouvir "não é como se você tivesse matado alguém ou tivesse enfiado uma lança, cheia de ódio, em suas costelas".
Mas só o que ouvira, fora que a tinha feito mal, mesmo que as memórias ruins tivessem sido apagadas pela lembrança dos sorrisos e do suor de suas peles se unindo num só e escorrendo por seus corpos exaustos e, ao mesmo tempo, sedentos.


(#NowPlaying Judith/A Perfect Circle e Schism/A Perfect Circle)
P.S.: Post sujeito a mudar de título

27 setembro, 2011

Dualidade (X, perdi a conta)

Por que é que, às vezes, passa pela mente da gente uma vontade de não ser exatamente necessário...
Uma vontade de que não dependam da gente, de que possam seguir sem precisar de nós e, ao mesmo tempo, uma vontade de fazer parte de algo, ser sim importante...

23 setembro, 2011

Uma rápida reflexão sobre "o homem que precisa provar que é macho"

Pois é, ainda existe este ser, este espécime.

Há um grupo de homens, um grande grupo, que precisa provar que é macho, que é durão.
Precisa falar mais alto que alguém, precisa mostrar que manda humilhando os outros e insiste em achar que "lugar de mulher é na cozinha".

É o típico ser que acha que o garçom é um qualquer e precisa ser destratado, que mulher não entende de futebol nem de cerveja e muito menos de dirigir.

Vamos deixar uma coisa clara aqui: assim como tem mulher que não entende da tríade futebol, cerveja e direção, tem muito homem que também não sabe NADA do assunto. E me diga: conhecer estes tópicos ali, na ponta da língua, te faz mais macho?

E é esse tipo de ser que insiste em dizer que "viado bom é viado morto", na alusão aos gays masculinos, mas fica todo eriçado dizendo que mulher que pega mulher pode.

Seria isso algum tipo de medo de, sei lá, gostar de outro homem?

Sabe, fui criado sob a baliza de respeitar os outros. Esse lance de que homem não dá beijo em homem, nunca existiu na minha casa. Meu padrinho, finado Robertão, um armário de quase 2 metros, caminhoneiro, fazia questão de beijar os sobrinhos e dizer que gostava deles. E os carnavais que vi meu pai vestido de mulher, rindo à toa, enquanto mil caras tortas ficavam com seus copos de cerveja, sem sorrir?

Seguinte: na minha cozinha, mando eu, cozinho eu, e limpo eu. Simples assim. Admito que a @ReStort não só entende mais que eu como joga muito mais que eu. Cerveja? Essa sim eu gosto e entendo... Uma cachacinha, por que não? E conheço mulheres que são ÓTIMAS no volante.

E tenho o meu próprio dogma, que vai bem contra aquele do "homem não dança". Homem dança sim, e se dançar bem, terá sempre uma boa companhia feminina para tal. Forró, gafieira, samba rock, salsa... desafio você, machão que não dança, a contar as pessoas infelizes dançando no salão. Veja os sorrisos! Veja os sorrisos de quem assiste, esperando a sua vez de ser estrela num micro universo de duas pessoas embaladas pela melodia marcada pelo compasso de corações que batem em uníssono...

E defino aqui: amigo, se você precisa provar pro mundo que é macho, sinto muito, mas você aparenta não estar muito convencido disso. E olha, é perigoso isso, viu? Você pode acordar um dia e descobrir que gastou sua vida fugindo de coisas que poderiam ter te feito feliz...

19 setembro, 2011

O andamento do "E...":

E aí ela veio, pequena, com aquele semblante de criança, me prometendo um pedaço da sua alma em confidência.
E condensou o sussurro do astral em palavras, em reflexos de sua mente e coração, em frases, em tempos e tomadas de fôlego como seu coração ditava.
E ele contemplou o trabalho daquela menina mulher de sorriso fácil e trejeitos cômicos, sem querer esperar nada, de peito aberto.
E não houve surpresa. Ela demonstrava o que ele imaginara, com requintados entrepostos e entrevírgulas.
E ele sorriu ao reconhecer um estilo que ele mesmo gostava de praticar.
E se sentiu rico de um novo conhecimento, mas pobre de não poder partilhá-lo.
Só restou a ela perguntar:
- E agora?




(A uma pequena amiga, o empurrão do gigante. Godspeed!)

08 setembro, 2011

"Correntes" do FB: respeito às mulheres?

Analisemos o texto abaixo, que circula nos murais do Facebook:

• Quando você gritar com sua mulher, há um outro homem que a deseja para sussurrar baixinho em seu ouvido.
• Enquanto você humilha, ofende e insulta, há um homem lembrando-lhe o quão maravilhosa que ela é.
• Enquanto você a machuca, há um homem pensando que poderia fazer amor com ela.
• Enquanto você a faz chorar, há um homem roubando sorrisos dela...
Poste em seu mural se você é contra QUALQUER tipo de desrespeito as mulheres


Só eu acho isso cretino? Veja bem, apesar de parecer um protesto feminista, em prol de cavalheiros também, é algo que a meu ver vai contra a visão de mulher inteligente.
Veja: apela pra culpa do cara ou pro medo dele em perder a companheira e diz que é contra o desrespeito às mulheres...

Meninas, vejam bem o que eu acho: se o cara não te respeita, não demonstra carinho, talvez seja hora de você deixar essa pessoa e procurar alguém que tenha, de verdade, a ver com você e queira estar contigo...

Você aí, do outro lado, o que acha?

15 agosto, 2011

O ciclo da guerra entre as pessoas

Pois então, as coisas estão ficando cada vez mais difíceis.
As minorias ganham voz, finalmente, via internet. Twitter, facebook, blogs e muitos outros canais permitem que os ignorados de ontem façam hoje o barulho que precisam pra reivindicar seus direitos.
A questão é que um país de pessoas que nunca ouviram seus semelhantes não vai agora, como num passe de mágica, saber dialogar com aqueles que estão do outro lado de qualquer questão.
Um exemplo é esta matéria, da Folha, sobre ciclistas x motoristas no campus da USP. Ciclistas reclamam de tachinhas no asfalto, com o intuito de fazê-los desistir de treinar pela universidade. Motoristas reclamam dos pelotões de ciclistas que ocupam faixas inteiras da pista, contra a lei de trânsito, os obrigando a desviar e atrapalhando a fluidez do tráfego.
Notemos, que na matéria, só ficam as acusações. Ciclistas acusam motoristas de espalhar as tachinhas e os funcionários da USP dizem ser essa uma retaliação dos alunos. Ciclistas, por sua vez (não está no texto), reclamam que os carros não os respeitam.
A coisa fica mais feia nos comentários, acusação e protesto ofendendo o "outro lado da corda" de toda forma.

Hoje, por ser só motorista, vejo um lado: existem ciclistas que, com a desculpa de que não estão poluindo, andam fora do espaço que deveriam ocupar. Na Av. das Nações Unidas, em SP, já presenciei ciclistas na faixa da esquerda ou pelotões fechando a faixa da direita por completo, rivalizando com ônibus. Ou seja, tragédia anunciada. Até onde sei, a lei diz que o ciclista deve andar, em fila, à direita da pista. Sei também que a ultrapassagem de um ciclista deve respeitar 1m de distância do mesmo, evitando acidentes.

Mas também vejo que a linda ciclovia às margens do não tão lindo rio Pinheiros, é algo surreal. É bem estruturada, mas só funciona em determinados horários e só tem entrada/saída nos seus extremos. Eu poderia trabalhar de bike se pudesse sair da ciclovia na altura do cliente, mas não tenho como. E mais: como fazer se a ciclovia fecha às 18h?

Vendo tudo isso, eu chego ao ponto: o brasileiro não é educado o suficiente pra conviver com diferentes nuances de pessoas. Os motoristas não respeitam os ciclistas e vice e versa. A pura expressão da limitação de visão do ser humano, que não consegue enxergar muito além de seu próprio umbigo.

O assunto é umbigo? Falemos da lei da faixa de pedestres: foi preciso aumentar a fiscalização das faixas de travessia para tentar coibir atropelamentos e abusos por parte dos motoristas brasileiros contra os pedestres. Mas os "andantes" são santos?
Analisemos o trânsito de São Paulo num horário de trânsito pesado: quantas pessoas não atravessam por entre os carros, muitas vezes, 10, 15 metros da faixa de pedestres? Mesmo sabendo da existência de um farol, pertinho dali, e que elas terão um tempo e tranquilidade para atravessar, elas optam por correr por entre os carros. E assim ocorrem muitos atropelamentos por carros que tinham sua visão encoberta por um ônibus, por exemplo, ou por motos circulando em alta velocidade por entre os carros. Isso sem contar que muitos pedestres têm preguiça de subir a rampa da passarela para utilizá-la.

É o caso, por exemplo, da praça Samuel Sabatini, em São Bernardo do Campo. Alunos da ETEC Lauro Gomes e do Senai (não lembro o nome) saem em massa das aulas, e optam por cruzar as 4 pistas que os separam do shopping local por entre os carros em alta velocidade. E sim, por baixo de uma passarela que já está ali tem mais de 20 anos.

Essa fiscalização das faixas de pedestre não vai surtir o exato efeito que o governo quer, que a meu ver, é o mesmo que se tem na Suécia: ao pisar na faixa, o pedestre faz com que o motorista pare, sem a existência de farol ou qualquer indicativo. Ao contrário, vai acirrar ainda mais a guerra entre pedestres, que usarão a lei para provocar motoristas apressados, e motorizados, que passarão a odiar ainda mais o pedestre que cruza fora da faixa ou demora para cruzar a pista por completo.

Pra mim, o erro está num país que opta por punir em vez de educar. O ciclo da guerra continua, cada dia mais mortal e enervante.

29 julho, 2011

Reflexão Rápida: engodos midiáticos x justiça real

@aiturrusgarai Teve o psicopata que fez strike em ciclistas em Porto Alegre, depois o cara do Porsche e agora o Land Rover. Estão presos???

Vamos refletir sobre o tweet acima, do cartunista Adão Iturrusgarai. O grande barulho dos últimos dias era o caso do Porsche que atropelou a Tucson na Zona Sul de SP a 150km/h numa zona de 60km/h, de acordo com os jornais. E todo mundo estava indignado, porque o cara tinha um carrão e estava embriagado e era um irresponsável e tudo mais... ERA o barulho, porque agora tem tanto o caso do atirador norueguês quanto o atropelamento do rapaz pela Land Rover, na zona Oeste de São Paulo e era, mais uma vez, caso de carrão e motorista embriagado.

Agora me responde: alguém lembra do golf preto que atropelou o pessoal da Massa Crítica, lá no RS, meses atrás? Alguém continua acompanhando o caso, ou lembra que ele existiu? Não, né?

Mas de fazer piadinha com o Elano perdendo pênalti na Copa América, isso todo mundo lembra.

Talvez este texto do Jorge Portugal, no Terra, te faça pensar um pouco mais.

Outra perguntinha pra refletir: por que todos foram na onda dos grandes jornais de falar do motorista do Porsche e nenhum destes portais falou que a motorista da Tucson passou no farol vermelho? Seria isso algum tipo de notícia tendenciosa, pra manter a massa ocupada com o escárnio do motorista?
Não é justificando a imprudência dele, mas é demonstrando que grandes portais escolhem um lado da notícia ao invés de simplesmente contar os fatos.


08 julho, 2011

Rápida análise

Essa semana fiz uma brincadeira no twitter com o @marcelotas. Mandei um link pra uma matéria que diz "Só TAS pode mudar punição de Cielo", brincando como se o TAS do título fosse ele. Perguntei se ele iria liberar o Cielo do gancho.
O curioso foi a quantidade de pessoas que se manifestaram sobre a brincadeira. Primeiro, reflete que não se pode falar qualquer coisa nem via twitter pra uma personalidade se esperar comentários sobre. Segundo, a maioria esmagadora que comenta que o Cielo deveria ser absolvido do caso de doping. E a maior das justificativas é que ele "dá felicidade pro povo, não pode tirar ele das piscinas".
Veja que o povo brasileiro prefere a felicidade de um esportista ganhando competições à honestidade e o bom exemplo que um esportista de nível mundial deveria dar, sendo punido adequadamente sem qualquer favorecimento pelo seu status de ídolo.

E você, o que acha?

07 julho, 2011

Moda inverno?


Você notou que o frio está IMENSO aqui no sul/sudeste do Brasil? Notou como as pessoas se vestem melhor no inverno?
É, o pessoal está mais elegante aí no escritório, na rua... Já parou e lembrou que tem gente que, nesse momento, está literalmente à beira de morrer de frio na rua, morando debaixo daquela ponte cinza que você passa por cima todos os dias pra ir trabalhar?
Sim, tem gente que, enquanto os nossos dedos doem de manhã de frio, ao sair da cama quentinha, está agradecendo por ter sobrevivido a mais uma noite ao relento, com o corpo todo doendo de frio.
Então, abra seu armário e seu coração: aquela blusa que já não serve mais, aquela calça que te aperta ou não é mais da cor da moda, pode fazer a diferença na vida de alguém. Doe! Não te fará falta e pode até salvar uma vida.

A imagem eu peguei via google images, é do oglobo.com.br. Editei rapidinho aqui no paint mesmo, brecha rápida de trabalho. Você é bom de photoshop, tem um tempinho, vamos fazer disso uma campanha? Melhore a imagem, coloque no teu blog ou onde quiser e mãos à obra!

03 junho, 2011

#FM - Junte-se a nós!

Hoje é sexta-feira, que dia mais maravilhoso! As pessoas ficam mais bonitas, relevamos o trânsito, relevamos até que o relógio passe a andar mais devagar no minuto em que pisamos no trabalho...
É o prenúncio do fim de semana! É acordar tarde no sábado, é aquela feijoada pro almoço, futebol na tv ou no estádio pra quem gosta, boteco balada, é domingo de procrastinação, resumindo, é igualzinho quando você vê o garçom chegando com aquele prato maravilhoso e você cheio de fome na mesa, com aquela cervijinha gelada num dia de sol a pino.
E pra celebrar esse sentimento gostoso que nos invade, as pessoas no twitter recomendam quem de melhor conhecem, quem twitta mais "sextafeiramente" através do #FF, ou Follow Friday. E assim seguimos gente nova, rimos mais no fim de semana e somos mais felizes.

Só que claro, esse clima de festa acaba lá na noite de domingo... É ouvir o "boa noite" no comecinho do Fantástico pro desespero bater: está acabando o fim de semana e logo e ela já está virando a esquina: a famigerada SEGUNDA FEIRA.
É como se toda a felicidade do fim de semana tivesse sido a última refeição de um condenado. As mãos suam, dentes batem, tremedeira, desespero... enfim, é quase o apocalipse de toda a sua diversão. É como se aquela cerveja gelada com aquele prato maravilhoso se tornassem um copo de Bavaria (não, Bavaria não é cerveja) quente acompanhado por carne de soja (que também não é carne) e salada de jiló!

Por isso, o Gigante aqui resolveu se manifestar contra esse sentimento ruim que a segunda feira traz através do "FUCK MONDAY", ou foda-se a segunda feira. E isso mesmo, te convido a manifestar todo o seu descontentamento contra esse dia tão desprezível na nossa semana através da hashtag #FM, comentando o que você gostaria de estar fazendo nesse dia tão horroroso!

Manifeste-se você também! Mostre toda sua revolta e vamos levar o #FM aos TTs mundiais pra mostrar toda a nossa indignação e revolta! É logo depois do domingo, dia 06/06/2011 é FUCK MONDAY! #FM no seu twitter, Facebook, vamos lutar por mais ânimo e sorrisos na nossa semana!

Gigante, por um mundo com menos segundas-feiras.

02 junho, 2011

Pequena reflexão sobre religião e respeito

O problema inicial com as religiões e, principalmente os fiéis, é que eles não aceitam outras religiões e nem a ausência delas.

É o cara se declarar ateu e o bombardeiro de ameaças começa. "Você vai pro inferno" e "Deus tá vendo" são só o começo de uma série de respostas que já vi muitos ateus receberem por causa de declarações como "não acredito em Deus" ou "Deus não existe, me prova que ele existe. Tem foto?"

Não defendo o ateu que provoca e não defendo o crente que ameaça. Só quero saber, de verdade: o que um tem a ver com a vida do outro? Deixa o cara acreditar no que quer, ou não acreditar, e ser feliz do jeito dele. É só respeitar o espaço do próximo, simples assim.

24 maio, 2011

Gastos pra Copa - uma proposição de exercício mental

Vamos lá, mais um hiato, mais uma volta, mais uma desculpinha... Vocês já entenderam que eu escrevo raramente e em blocos de posts, né?

Sigamos.

A idéia hoje é propor um pequeno exercício de análise financeira, por assim dizer.
Vocês já pararam pra fazer contas rápidas do quanto vai se gastar com a Copa no Brasil? Cifra$ a$tronômica$, faraônicas e com aumentos, pela urgência, comparáveis ao enriquecimento quase instantâneo de um certo ministro que já devia estar atrás das grades tem tempo.
Aí pergunto: como faz com aquele pessoal que mora numa caixa de papelão em plena avenida aí, na sua cidade?
Mas não precisamos nos preocupar com isso, não é mesmo? Temos o melhor ensino do mundo, o melhor transporte público, o melhor sistema de saúde, um sistema penitenciário que dá nova vida e não novas habilidades criminais... Não é mesmo?

Só para São Paulo poder ser sede da abertura da copa, fala-se em gastos de 1 bilhão de reais. É assim, ó: 1.000.000.000, nove zeros. Isso só com estádio pra abertura!

As pessoas chegarão do mundo todo aqui como? Avião, né? Guarulhos não dá conta nem dos vôos regulares, com um evento de massa como esse, vai fazer o que? O processo de licitação está atrasado e não contempla um modelo popular no mundo, as principais empresas do setor não estão interessadas em Cumbica.

Ahn, mas depois do stress com a chegada, fica fácil andar por São Paulo... De helicóptero, claro! O trânsito hoje é um caos, indústria da multa, asfalto precário, um sem número de carros com 1 só ocupante, transporte público caro e deficitário. Como faz?

Exercício difícil esse de imaginar como serão as coisas, não é? Vamos fazer um mais legal?
Imagine aí, na sua cidade, se a grana prevista pra Copa fosse gasta na infraestrutura local. Em metrô, hospitais, escolas, ou mesmo num ginásio pra proporcionar lazer pra comunidade local. Não seria melhor?

O problema ainda está no termo "massa de manobra". Povo inculto, sem informação e formação, logo esquece o caos e a roubalheira gerada pelo mega evento assim que a bola começar a rolar. Aí volta a musiquinha "...pra frente Brasil, salve a seleção...", ninguém mais lembra de nada.

E dessa grana pra Copa, quanto será efetivamente gasto na estrutura do evento e quanto vai pro bolso daquele político ordinário, corrupto e sem inescrupuloso? Quanto disso vai virar mais material de campanha? Aliás, financeiramente é um absurdo e piora: o evento vai ser alavanca política pra muitos dos que hoje estão no poder se perpetuarem. Por pior que o evento corra, darão um jeito de mostrar o lado lustroso da coisa e como foi benéfico pra imagem do país ter sediado uma Copa do Mundo depois de muitos anos.

"Mostramos pro mundo que o Brasil tem que ser levado a sério" - (insira aqui o político de sua preferência), do (insira aqui o partido do político citado)
Depois da Copa, google esta frase e cole aqui nos comentários os nomes dos políticos citados.

E não adianta dizer que eu sou pessimista, que eu não entendo a paixão que o brasileiro tem por futebol. Nada justifica essa palhaçada.

E aí, já imaginou como seria sua cidade com investimentos dessa ordem?

14 março, 2011

raízes -> laços -> medo -> comodidade -> segurança -> raízes

Até onde existem raízes que nos prendem ao que somos?
Até onde existem raízes que nos prendem a onde moramos ou ao que fazemos?

E por que convencionamos chamar raízes, se muitas vezes estes laços não nutrem nem dão real segurança, mas só nos mantém estáticos em algum lugar?

Laços, isso mesmo, laços... Laços, em teoria, são fáceis de se desatar, basta puxar a ponta certa e o que ora prendia agora somente pende, como longos cabelos ao vento. Mas às vezes nos atamos a um conforto, ou a um padrão de vida e isso não nos permite seguir a outro rumo ou a outro desafio.

Será que viajamos de raízes, passamos por laços e chegamos, finalmente, a algum conceito de medo? Ou ainda, comodidade?

E além disso: até onde o que conquistamos até agora não deve ser "moeda de troca" por algo novo, mesmo que o novo pareça não dar segurança? Até onde o luxo se mantém longe de se tornar lixo?

A vida humana parece um imenso ciclo:
raízes -> laços -> medo -> comodidade -> segurança -> raízes

Será isso?


01 março, 2011

Vivendo no "menos pior"

Me intriga, sim, ou seria indigna, essa questão do "menos pior".
Como é que alguém sobrevive com essa questão do "tá bom assim" ou "não tem melhor que isso"?

Eu acho que já falei aqui sobre a questão da mediocridade humana, sobre o como me enoja essa coisa de não querer arriscar pra melhorar. Mas como é possível que alguém consiga sempre se guiar por esse tipo de conceito?

Me deparo com situações do tipo "estamos providenciando a correção", ou "passamos pro departamento responsável" como uma forma de tirar a batata quente do colo - pra evitar algum eufemismo mais ofensivo -  e isso tem acabado com a minha saúde. Sim, me gera um stress altíssimo e isso me faz tão mal, que afeta meu físico.

Nos âmbitos maiores, é continuar fazendo um trabalho de formiguinha, influenciando todos que puder, espalhar a idéia de que podemos ser mais pra nos tornarmos melhores não só individualmente, mas coletivamente.

Nos âmbitos menores, é hora de continuar na atividade, só que acelerando mais.

25 fevereiro, 2011

Sobre vida adulta

Algumas visões sobre a vida adulta me fazem questionar o que ela significa ou se é realmente um passo na evolução humana...

Nessa semana, comprovei que ciuminho entre adultos, por causa de "amizade" ou popularidade, é ainda pior do que entre crianças. Porque crianças fazem bico, choram, destratam o amiguinho quando sentem ciume e isso é até normal em certas idades. Mas entre pessoas maiores de 25 anos eu já acho o cúmulo. Mas agradeço a visão e a lição aprendida, que me serviu ainda mais pra saber que enquanto muitos querem spots instantâneos no espetáculo da vida, outros se dedicam a ser roadies e proporcionam um espetáculo ao qual os olhos são surdos, os ouvidos cegos e o tato mudo: um simples sorriso verdadeiro.

E tinha mais pra escrever, mas essa metáfora que acabei de escrever consumiu a idéia de que queria falar. Talvez já tenha cumprido o intuito do post aqui: Às vezes o trabalho de backstage é muito mais compensador quando vemos o tamanho do espetáculo do que pegar o microfone debaixo do spot principal.

10 fevereiro, 2011

Periodicidade e reconhecimento

Sobre periodicidade, parece que isso aqui tá quase mensal, né? 21 dias da última postagem? Acho que deve estar refletindo meu ânimo pra algumas coisas...

Quanto a reconhecimento, realmente, faz falta. Na verdade, sempre queremos trabalhar e ter um retorno positivo ou até mesmo negativo sobre nosso trabalho.
Duro é conviver com a realidade de que, muitas vezes, temos de trabalhar nos bastidores, sem nunca receber nem um obrigado, enquanto alguns fazem um trabalho de qualidade inferior e acabam agraciados e festejados.

Entremos em motivação? Sim, isso acaba com a motivação externa. Há ainda a tal motivação pessoal, que versa que você deve ter dentro de si esse pique, essa vontade pra sempre seguir em frente e mais longe. Mas será que ela sozinha é capaz de te fazer seguir até o fim? Cada dia creio mais ainda que não.

19 janeiro, 2011

Fotoreflexões

Pra quem não sabe, comprei uma câmera mais legalzinha e estou me dedicando a aprender a fotografar.
As fotos vão pro meu Flickr, que está aqui do lado, num appzinho que recomendo.

Interessante é ver como, na maioria das vezes, as fotos que geram mais comentários são as que dessaturo via Picnik.com ou Photoshop, deixando-as P&B. Me parece meio paradoxal que, normalmente, tenhamos o conceito de que coisas sem cor sejam chatas e desinteressantes. Pelo visto, na lógica do flickr e seus frequentadores, não são.

Me incomoda também ver fotos com 48 views (pra mim isso é muito, rs...) e com 1, 2 comentários. Ponho os trabalhos lá pra gente do mundo todo ver, esperava um "parabéns, ficou ótima" ou até um "que lixo!" como comentário. Mas o simples passar e não comentar, pra mim, é simplesmente maçante.

Não, eu não comento todas as fotos que vejo e sei que isso, de certa forma, me condena a não se comentado. Mas comento e favorito fotos com alguma frequência.

Bom, era só uma fotorreflexão. Visite meu Flickr e deixe lá seu comentário :)

06 janeiro, 2011

A distância...

Muitas vezes desejamos deixar tudo pra trás, sumir no mundo, cortar as raízes... Mas como é interessante notar que, ao mínimo sinal de algo assim, nos tornamos inquietos e arredios. Nossa mente trata, quase que imediatamente, de criar barreiras contra o novo, só pra te manter na zona de conforto.
É uma sensação de perda, quase. O primeiro pensamento é viver sem amigos, sem referências ou rumos. É achar que tudo acabou, é, talvez, temer que a vida siga sem você, como se ficar onde se está garantisse participação em alguma trama maior, ou ainda, conferisse alguma importância na vida dos outros.

Talvez a morte seja isso. Uma partida inevitável, permitindo que a vida real siga seu curso, enquanto nós, simples acessórios ou satélites de algo maior, somos descartados no infinito, sem importância.

(dedicado à simples reflexão de viver num navio por 8 meses)