31 dezembro, 2012

Finalizando um ciclo - o "fim" da Pen EE

Dia 31 é sempre bom para terminar algo para começar um novo ano do zero, não é? Assim, depois de um bom tempo andando com a OIympus Pen EE na mochila, eu terminei o filme dela hoje.

Certeza de muitas fotos babacas, muitas tentativas frustradas de composição rápida usando o "half frame" dela e muitas ideias novas, essa camerazinha mostrou ser bem interessante.

Confesso que as facilidades da SLR e da fotografia digital me deixaram um pouco preguiçoso. Mas como um projeto relâmpago como foi este, acho que o aprendizado no formato "aprender fazendo" valeu muito a pena.

Interessante, mas até um pouco triste, foi rebobinar o filme: pouco mais de 48 fotos depois, agora é hora das festas.

E que venha o dia 2, para a próxima página desse projeto: revelar as fotos, escanear e brincar com elas.

20 dezembro, 2012

ApocaLIEpse

Estava pensando nessa sensação de "fim de mundo" que invade a gente no fim do ano, especialmente hoje, véspera do mais recente apocalipse anunciado.
Me incomoda essa atitude de "acaba logo essa porcaria", esse desdém pelo planeta que, até ontem, seria o futuro lar de filhos, projetos, idéias de mudança e crescimento...

Não!

A coisa tem que ser diferente! Por que não encarar o mundo com toda a vontade que tínhamos até semana passada de começar de novo? De inventar mil coisas? Aquele sentimento falso de 31 de dezembro de "ufa, acabou outro ano, que venha outro" precisa ter algum fundamento de verdade. Temos a chance de recomeçar, dia após dia, e precisamos de uma ameaça de destruição total para sequer chegarmos perto de uma reconstrução de pensamentos e paradigmas?

Por que não reconstruir tudo, sempre? A cada passo, a cada dia, distribuir um sentimento bom, um sorriso de canto de boca ao menos... Não é o mundo que está acabando, é uma nova era que se desenha no horizonte para todos que desejarem assim.

Os outros, infelizmente, continuarão presos em seus abrigos cinzas de mesquinharia, tristeza e solidão coletiva.

08 dezembro, 2012

Frustração Fotográfica: a foto perdida

Esse texto me procura tem algum tempo e nunca acaba escrito. Pois chegou a hora dele ganhar a luz...

Na última virada cultural, me armei da minha câmera e decidi ir ao palco do stand up, na Praça da Sé, que prometia ser muito bom e ter abertura de Danilo Gentili.

Cheguei lá na hora marcada no site do evento e descobri o que devia ter levado em conta antes: teríamos um belo atraso.

Já que estava ali, resolvi aproveitar e tirar algumas fotos, como essa:

Reaching her heart


O que não era de todo ruim. Decidi, com a minha fiel companheira, andar e procurar algo para comer. Andar com equipamento semiprofissional pendurado no pescoço numa praça que é moradia para muitas pessoas à noite é sempre uma aventura. Esse sentimento de insegurança acaba nos fazendo tomar atitudes super protetoras. E é aí que comecei a entender como a mesma cautela que te protege do sofrimento pode ser o que te limita uma nova experiência.

Andando pela praça, fui abordado por um homem, aparentando ter na casa dos 35 anos, maltrapilho e visivelmente alterado por álcool ou alguma droga. Ele perguntou o que eu fotografava e eu, limitado pela cautela, respondi monossilabicamente. Me pediu para que mostrasse as fotos no display da câmera, novamente neguei, já imaginando ser uma possível abordagem para um roubo. Numa terceira investida, ele pediu que o fotografasse. Eu e minha mulher dissemos que estávamos fotografando somente os shows e ele devolveu:

- As pessoas só fotografam o que é bonito. Ninguém quer saber da gente que é pobre, que mora na rua.

Me afastei dele com esta frase, e esta frase não saiu da minha cabeça desde então. Muitas vezes, na fotografia, nos preocupamos com o belo, com o que compõe bem uma imagem bonita. Pensamos somente na nossa "arte", no resultado final.

Temos uma tendência frequente de nos esconder atrás da máquina e pensar que somos melhores ou mais sensíveis que os outros. Mas agora, vejo que isso é mais um mecanismo de defesa, um produto do medo embutido em nossas mentes, ou até um pouco de nossa timidez.

Até hoje, quando a mente vaga sozinha, me pergunto: por que será que eu não procurei entender o motivo pelo qual aquela pessoa veio até mim, procurando ser fotografado, ou somente alguma conversa? Só porque eu moro confortavelmente, tenho algum estudo e um equipamento caro para alguns padrões eu não posso aprender com alguém que, neste momento, não está num patamar de vida parecido com o meu?

Sinto essa como uma oportunidade perdida, o que eu chamo de frustração fotográfica. Não a foto perdida, mas a negativa da oportunidade de aprender ou explorar uma situação no momento em que esta se fez presente. E pelo simples misto de preconceito, medo e alguma timidez.

Será que reagirei diferente no futuro?

06 dezembro, 2012

...enquanto isso, com a analógica...

Hoje a analógica trabalhou novamente! Aproveitando o sol fortíssimo do almoço, consegui mais algumas imagens. Tentei a montagem com o half frame, mas acho que inverti a ordem de captura, rs...

No fim da tarde, mais algumas fotos no centro de São Bernardo.

Vai ser interessante analisar a cronologia destas imagens.

22 novembro, 2012

O efeito do limite

Hoje saí para almoçar nas cercanias da represa Billings, em São Bernardo do Campo com a minha Olympus Pen EE.

Curioso é que, num dia de sol, uma boa paisagem, nenhuma foto saiu. Se estivesse com a DSLR, teria ao menos começado a disparar um pouco a esmo, até que alguma inspiração aparecesse. A limitação do filme e a diferença de tecnologia te faz mesmo pensar mais antes de fotografar.
Neste caso, ter que pensar na sensibilidade do filme, no ajuste meio "fora do usual" da Pen EE e na limitação de exposições me fez querer ter um momento mais tranquilo pra planejar a foto.

Resultado: nenhuma foto nova. Mas o fim de semana está aí e tem 2 eventos com potencial!

21 novembro, 2012

Experiências Fotográficas

A última "aventura" é algo que acabou me encontrando, quase com vida própria: um projeto fotográfico experimental.

Peguei com meu pai uma Olympus Pen EE, de 1961, para testar e fazer algumas brincadeiras. Descobri que ela tem um fotômetro primitivo, chamado Electric Eye (EE, viu?), que levanta uma marcação vermelha no viewfinder quando não há luz suficiente para a foto.

Lendo mais um pouco, descobri que se trata de uma half frame. Pra quem não sabe o que é, ela divide a cena em 2, fazendo 2 fotos no lugar de uma. Assim, meu filme 24 poses (que é o que tinha na loja, ISO 400/Colorido) pode ter até 48 fotogramas!

Comecei com alguns testes da câmera, mas até agora não tenho nada plausível. Vou continuar atualizando aqui conforme a coisa anda.

Você, que curte fotografia, apareça!

24 setembro, 2012

O essencial é invisível aos olhos

O essencial é invisível aos olhos, porque é da essência, é quase etéreo.
É impaupável, intocável, talvez até impalatável. Mas está lá, à mercê do próximo vilão ou mocinho a nos cercar.
Não pode ser objeto de desejo posto que não é alcançável pelas mãos, e se não é tangível aos dedos, não pode ser rotulado de objeto.
É da essência humana, nasce com a gente tal qual nossos olhos... Mas os torna inúteis, uma vez que o essencial não reflete a luz ou sequer a absorve.
Luz, de que tanto necessitamos, se faz inútil à essência humana. Afinal, o essencial não é visto pelos olhos, mas sentido pelo coração, este, tocado por dedos inexistentes mas que podem ser fortes e delicados, rudes e suaves ao mesmo tempo, enquanto interagem com nossa doce e errante existência.
O essencial, por mais que não se veja, acaba muitas vezes escondido por grandes muros ou tapumes. Ou até por pequenos lenços de papel ou guardanapos de mesa de bar. É curioso como algo que não se vê possa ser obliterado de nossa visão tão facilmente... Mas é que a nossa visão do essencial, vista com os olhos do coração, é facilmente bloqueada quando o preconceito, o mau humor ou até mesmo a preguiça se tornam como muros de concreto armado, altos, quase intransponíveis, e nos impedem de ver o que está lá: a essência do outro.
Porque o outro, o vizinho, o passante, o motorista do carro ao lado, trafegando na mesma rodovia, saiu de sua casa com a roupa do dia para mais uma jornada. Saiu vestido com sua pele, com sua cor, credos e costumes, pra enfrentar mais um punhado de horas num dia e tentar voltar são e salvo à sua própria casa.
Mas fazemos dessa jornada um caminho solitário e infeliz, só porque assim escolhemos. Fazemos da cor da pele, de um gosto, ou até de um time de futebol uma venda, ou até uma muleta, que transforma um pequeno degrau a transpor, rumo à essência do outro, num muro alto e espesso que nos permite apenas ouvir, muitas vezes, um bom dia seco e impessoal vindo do outro lado.
É só mais um passo, é só abrir mão da muleta, da venda, ou até da comodidade para lembrar: o essencial é invisível aos olhos do corpo, mas não, aos do coração.


Sempre a mesma coisa...

É sempre a mesma coisa. E é bom notar isso desta forma.
Meu aniversário ontem, e a minha namorada inventa uma festa surpresa na Galeteria Metrópolis, que eu adoro.
Aí, conversando com ela no dia seguinte e avaliando as caras presentes, eu chego a esta conclusão: é sempre tudo igual...

E pra você que veio aqui em busca de reclamação, caia novamente de seu cavalo, pessimista!

Notei que, mais uma vez, quem estava lá eram as mesmas pessoas. Rostos cansados de alguns que andaram e trabalharam o dia todo, mas ainda assim, com um sorriso estampado por estar entre amigos. E acho que estes, também, chegaram nessa frase: sempre a mesma coisa.

Porque é assim, sim. Não adianta você achar que vão brotar pessoas do nada, encher salas, caminhões, não é esse o espírito. E comigo, são sempre os mesmos: os que dividiram tanta coisa boa e ruim, os que perticiparam dos outros anos, os que sempre se fizeram presente de alguma forma.

É bom saber que os anos passam e, cada vez mais, os verdadeiros irmãos e irmãs estão ao meu lado. E cada um tem um rótulozinho social diferente: mãe, irmão, primo, cunhada, amigo... Não importa mais. Importa é saber que essa existência é menos cinza por ter a cor destas pessoas ao meu lado.

Obrigado a todos que sabem quem são e, em especial, à minha namorada linda que fez isso acontecer. Superem, se puder, no ano que vem. =]

20 agosto, 2012

De amigos e distância

Aproveitando os momentos de reflexão e inspiração: quantos dos teus amigos te escreveram, te ligaram, te visitaram ou mesmo mandaram um simples SMS perguntando como você estava? 
E quantas vezes você fez o mesmo? 
Deixamos o tempo passar e, com ele, a oportunidade de demonstrar amor aqueles que chamamos de amigos. E eles sentem, viu? Talvez não de imediado, talvez não frequentemente, mas num momento de balanço, como este, eles certamente lembrarão de você e de suas atitudes.
Lembrarão dos bons momentos, lembrarão das dificuldades, mas os bons amigos, aqueles pra quem você faz falta, sempre terão um sorriso no rosto.

Agora, tenho certeza, que você lembrou de um amigão com quem não troca nem um recadinho de Facebook faz tempo, não é?
Rolou aquele sorriso, aquela vontade de rever, de abraçar... Então, MEXA-SE!
Um recadinho no mural, um e-mail, um SMS, uma ligação, uma visita... enfim, se faça presente! Sim, como presença e como mimo. Leve um sorriso, os braços abertos largos e retome a proximidade um dia perdida.

Digo por conhecer todas as nuances disso: tenho amigos que, de repente, me surpreendem com um e-mail, uma foto compartilhada, um SMS, ou até um pensamento que, via de regra, nos cruza numa simples conversa, mesmo que seja no chat do Facebook. Tenho aqueles que só se lembram de cobrar que não apareço em suas casas, mesmo que eles não se desloquem até a minha. E tenho aqueles, ainda, que me fazem tanta falta mas não consigo estar próximo como gostaria.

Assim, ponho hoje minha nova meta, pra nova vida que se inicia em breve, no meu 32o aniversário: estar mais perto dos amigos que amo.
E aí, se motivou também?


02 agosto, 2012

Vingança ou Justiça?

Um dos males do ser humano não é querer justiça. É achar que algum tipo de vingança o faria sentir que a justiça foi feita.
Ao ser sequestrado, roubado, ter parente morto ou algo assim, o ser humano não deseja que a o mal cesse e o seu autor possa deixar de fazê-lo, mas sim, que o mal se volte contra esta pessoa, com muito mais intensidade e efetividade.
Se desejamos o mal ao próximo, mesmo que este nos tenha feito mal, como podemos pedir o bem para nós e os que nos são queridos? Se desejamos o sofrimento ao próximo, por que o universo conspiraria a nosso favor?
- Por que somos justos, filhos de deus - diria a igreja. Mas se considerarmos todos os ensinamentos dos livros sagrados das maiores religiões, não deveríamos fazer o possível para que todos pudéssemos evoluir e aprender a ação do amor para com o próximo? E a pergunta é: aquele que erra, que faz o mal ao seu próximo, não é filho de deus, então?
Vejo muitos que defendem, por exemplo, a abordagem violenta da polícia contra suspeitos, afinal, se é bandido tem mesmo que ser tratado como bandido.
E como fica em casos de engano? O cidadão está na rua, tem um visual que faz com que ele seja confundido com um procurado. Justifica a abordagem policial violenta, humilhante, mesmo que ele possa comprovar que não cometeu um crime?
No caso reportado no link, um paciente de quimioterapia, fotógrafo, é tratado como ladrão e a situação é descrita como humilhante. A vítima do crime, roubo, o aponta como suspeito. Porém, ela mesma admite mais adiante que não tem certeza. Mas nisso, já se foram duas horas em que o fotógrafo estava de pé, sob ofensas e ameaças. Note o ponto na matéria onde ele afirma que o policial diz "se eu te levar daqui vai ser pior".
Espera: vai ser pior por que? Estamos falando de coação, de ameaça à integridade física?
Acho que a pergunta que fica é: somos culpados ou inocentes até que se prove o contrário? Quem sabe o que diz a lei?
E mais: à força policial, até onde sei, não é outorgado o poder de punição. Muito menos antes de um julgamento.
Há um sentimento de vingança embutido nesse tipo de ação, a corrupção do ser humano pelo poder conferido pela posse de uma arma de fogo e uma pseudo autoridade outorgada pela farda.
Concordo que há sim a necessidade de uma ação com segurança para o policial, que também é um trabalhador e muitas vezes parece ter pintado na farda um alvo para ataques criminosos. Concordo também que muitos daqueles que devem à justiça, ao verem a polícia, tentam fugir de toda forma que puderem, mesmo que isso implique em atacar seu perseguidor. Mas rotular toda a população como bandida e continuar usando o "bater primeiro e perguntar depois", é simplesmente alimentar uma cultura de violência. E essa cultura é a mesma que leva o povo a duvidar e hostilizar o trabalho da polícia.

Notas aí o ciclo vicioso?

30 julho, 2012

Série Visões: Renata Stort e Caroline Bohone





Nas minhas andanças fotográficas, fui ao Parque de Esportes Radicais, em São Bernardo do Campo, procurando por imagens de esporte amador. Encontrei a foto acima, uma visão de superação e alegria. (Veja mais aqui)

Esse primeiro post foi feito com a ajuda da Renata e da Caroline, amigas minhas, mas a idéia é trazer sempre pessoas diferentes, sem que uma saiba do estilo da outra, sem combinações entre elas, só a vontade de cada uma e o a sua própria visão.

Começamos o projeto com a Renata Stort, amiga de longa data, escritora e jogadora de futebol, dona do Eu Posso Voar!

Talvez eu fosse deficiente
Se eu não acreditasse que sou diferente
E que o mundo que eu acredito deveria existir em algum lugar
Nem que fosse dentro de mim
E foi aí que eu entendi
E que enquanto alguns sobrevivem
Eu apenas vivo
Porque as pessoas nascem para certas coisas nesse mundo
E eu, eu nasci para voar!


E com a sua visão, temos a Caroline Bohone, estudante de letras e professora, dona do Silabário da Poetisa, que mandou o seguinte texto:

Dikhotomía*

O que é acaso e o que é destino? O que é rotina, vicissitude, o que é uma quebra, uma
queda, a gota d’água? O limite entre as coisas que se opõem é sempre algo discutível,
constantemente rebatido. Há quem acredite que a vida esteja escrita em um livro místico
guardado a sete chaves no sétimo céu. Existe também a ideia de que nada ultrapasse o
desejo do acaso. Vive-se de efeito borboleta. Não obstante àquilo que cada um em seu íntimo preserve como crença, existe a realidade que se agita dia após dia, seja obra do destino ou afã da ocasião.

Perder as pernas num acidente, por exemplo. Já estava escrito num compêndio divino, ou foi simplesmente relatado no jornal da manhã? E é diante de um fato como este, que paramos estupefatos, catatônicos, buscando explicação. Hão de dizer do pobre rapaz o quanto era jovem e por isso não merecia tal ocorrido. Haverão de agradecer por ele não ter perdido a vida. As pernas pela vida. A troca é justa?

No entanto, não importa o quanto o momento nos exaspere. Se a vida se resumisse a este
ínterim, tudo bem. Contudo, o que fazer com o instante seguinte? Após o trauma, o susto,
o acidente, a medonha pintura que o destino emoldurou. A verdade é que a vida não está
tão intrinsecamente ligada aos fatos. Levar a vida talvez seja reagir a ela e aos seus inúmeros caprichos.

Pode ser que viver seja uma escolha. Assim como é persistir, ser teimoso. Provar para a vida quem controla quem, afinal. Escolher ler com as mãos, já que os olhos só enxergam o negrume de uma noite eterna. Optar por deslizar sobre rodas já que os pés não reconhecem mais a função para a qual foram programados. Sorrir e cantarolar sob o sol da cidade estalando no refletir das janelas azuis dos prédios, ao invés de maldizer o veranico em pleno inverno.

Ser e estar são escolhas, bem como é uma escolha o lugar aonde se quer chegar. Há quem escolha ficar parado. Porque é confortável, porque assim não há tropeço, nem arranhão.
Também não há vitória. Vencer ou perder, criar uma nova possibilidade ou repetir o que já
foi consumado, teimar ou resignar-se, aprender ou permanecer na ignorância, assim como
fazer ou não fazer, são parte do caminho cheio de bifurcações a que damos o nome de vida. Se acaso ou destino, de que importa? Mais importante é escolher para qual lado do muro pular.

* Do grego, a palavra em português se diz dicotomia, e é a relação entre dois opostos que se completam num sentido amplo. Por exemplo, dia e noite são opostos que coexistem formando a noção que se entende pelo período de vinte e quatro horas que formam o giro da terra em torno de si mesma.


E você, o que vê na foto? Quer participar do projeto? Deixe seu e-mail e o link para seu blog, álbum de fotos ou onde for que você deixe sua arte. Mas não se esqueça: imagens valem mais que mil palavras. Mas quem põe essas palavras, quem as cria, somos nós, que fazemos nossas visões.

28 julho, 2012

Série: Visões

Estou trabalhando num post compartilhado: 2 escritoras, 2 visões diferentes numa foto minha.

Em breve, posto aqui para que vocês possam ver como uma imagem pode ter um significado tão diferente para duas pessoas em contextos, formações, idades e localizações tão diferentes.

Como funciona: pedi a duas pessoas diferentes que escrevessem algo sobre uma foto minha. Vou publicar a foto e os dois textos. A intenção não é competir, não é quem escreve melhor ou qualquer coisa do tipo. É mostrar que as imagens não só registram algo, mas acessam pontos da nossa mente intimamente ligados à nossa educação e valores. Vamos ver no que vai dar?

17 julho, 2012

Deseducação

Há um dilema, ao menos dentro de mim, sobre educação.
Não, hoje não quero reclamar sobre a educação ou os modos de ninguém. A observação é sobre "educar" a arte.
Fico pensando comigo, analisando a minha fotografia e a minha música, e pergunto: o que seria da minha arte se eu a educasse? Se estudasse métodos e processos, em vez de os descobrir naturalmente, como tento fazer?
Será que a espontaneidade seria perdida, mas o resultado valeria a pena? Será que a qualidade técnica cresceria tanto que a emoção de cada resultado feliz seria calada?
Leio sempre que posso, principalmente sobre fotografia, pra tentar melhorar minha técnica. Mas ainda creio na minha ignorância, creio em sentir cada uma das minhas fotos.
Acho que assim, posso continuar contando com sussurros e dicas de grandes artistas que, de uma maneira ou de outra, me cercam.

"Fotografo sabendo operar a máquina
Conheço luz, abertura, e um pouco de composição
Vou chamar isso de deseducação
Que é a arte de não saber, e por não saber, criar com o coração
É por os olhos a serviço de forças não vistas
É dar contornos de sorriso e felicidade a momentos que sumiriam sem deixar pistas"

05 julho, 2012

Sonhos no sétimo andar

Aquele era um trabalho solitário, até um pouco duro, mas pagava as contas e, naquela pequena cidade, era melhor que nada.
Ela ia a cada um dos quartos, diariamente, arrumar camas, trocar toalhas e conferir o frigobar - rotina de hotel, coisa simples.

Como toda rotina, uma hora tudo parece incomodar, parece que nada mais encaixa direito. E aquela tarde quente, apesar do inverno corrente, estava assim.
Ela chegara à porta do 404, onde acabara de ser informada pelo rádio que o hóspede passara suas últimas horas na pequena cidade do planalto central. Entrou no quarto, tudo como de costume: cobertas reviradas, toalhas secando no banheiro, até aí, nenhuma novidade.
Trocou os lençóis e as toalhas, deixou tudo como novo para que o próximo hóspede se sentisse em casa no hotel conhecido como "o orgulho da cidade" e foi verificar o frigobar.

Para sua surpresa, em vez de encontrar itens faltando, encontrou uma cerveja esquecida pelo hóspede. A casa instruía a jogar qualquer comida ou bebida esquecida pelos hóspedes no lixo, e assim procederia: levantou o anel e abriu a latinha, se dirigindo ao banheiro do quarto.
Nos poucos passos até seu destino final, o cheiro do álcool, o calor e a rotina finalmente a venceram: por que desperdiçar uma cerveja gelada, nesse calor escaldante? Titubeou por alguns instantes, pensava no que poderia decorrer de seu ato rebelde. Mas o cansaço a venceu e o primeiro gole veio.
Uma sensação de torpor tomou conta de seu corpo, aquele torpor que nos toma de assalto depois de um longo dia de trabalho ao chegarmos em casa. E ela gostou muito daquilo.

Rapidamente, foi até a porta e olho pelo corredor: ninguém a acompanhara. Fechou a porta rapidamente e trancou de um só golpe.
Soltou seu corpo na cama, lentamente, enquanto sorvia o líquido gelado da lata. "São só alguns minutos", pensou.
Logo, já tinha se livrado do sapato e das meias, enquanto deixada o ar que entrava pela janela passear pelos seus dedos massacrados pelo calçado e pelo peso de seu corpo. O torpor aumentava a cada instante. O inevitável estava prestes a acontecer.

O corpo se soltava com o álcool, a mente já perdida pelo que via na janela. Não tardou e o inevitável aconteceu: o sono se apossou de seu corpo e mente.
Foram turbilhões de sonhos, viagens a terras distantes, visitas de pessoas queridas e que há muito deixara em sua cidade natal para procurar por melhor sorte em outro estado - o que aparentemente não aconteceu.

Em seus sonhos, depois de mil loucuras, apareceu o galã da novela das 8. Sua felicidade era total em perceber que o homem da vez na mídia se apaixonara por ela, que não se fez de rogada e logo partiu pra cima dele, pulando em seus braços fortes...

...soou alto o rádio, desesperadamente. Rompendo sonhos, torpores, trazendo de volta à realidade a sonhadora camareira. O forte sotaque candango perguntava: "já terminou o 7o andar? Por que a demora?"

Era o fim de um sonho que povoaria sua mente pelo resto da semana: por que tudo que é bom dura pouco?

23 junho, 2012

Somos irmãos, não donos

Me senti meio idiota hoje, ao ver o quadro abaixo no Zoo de SP. Mas ao mesmo tempo, vi de onde vem a necessidade. As pessoas ensinam aos seus filhos e se portam como se os animais que lá estão, privados de seu habitat natural, fossem uma espécie de patrimônio, de brinquedo, para entretê-las.

Presenciamos pais que levam os filhos ao Zoo e não levam junto a sua própria curiosidade nem a paciência necessária para ler as placas e ajudar crianças pequenas a identificar seres que foram feitos pra se confundir com o cenário onde estão inseridos.

Aí você vê, entre a grade que separa as pessoas dos animais e o viveiro, caixinhas de suco, latinhas de refrigerante, papel de bala, simplesmente lixo para nós, mas coisas coloridas, que para os animais pode significar a diferença entre a vida e a morte, se os comerem.

Pergunto: se nem onde as pessoas pagam para ver os animais (18 reais, fora os descontos) elas se portam pensando em preservá-los para os outros visitantes, por que o fariam na natureza, onde encontram os bichos livres e soltos?

Essas mesmas pessoas são as que dão um cachorro ou gato pro filho. Compram um bichinho e esquecem que animaizinhos são seres vivos, precisam de carinho, conforto, comida e ocasionais visitas ao médico. Igualzinho ao filho delas. E são essas pessoas que, sem pensar, "esquecem" o portão de casa aberto para o bichinho escapar e depois contam pra criança que ele fugiu, como se o mascote de ontem hoje se tornasse um estorvo mas capaz de tomar um ônibus pra floresta ou qualquer outro lugar de onde ele tenha saído.

Falta a consciência de que somos todos seres vivendo debaixo do mesmo teto. E não, não podemos considerar teto a alvenaria que nos protege da chuva e as paredes que nos protegem do vendo. Consideremos teto o lustre de estrelas que nos guia pela noite, ou a linda bola de fogo que nos aquece até mesmo nos dias do mais rigoroso inverno.

Triste é saber que somos seres limitados, que nos voltamos até contra nossos semelhantes, só porque estes crêem em outros deuses, amam diferente do que amamos ou até mesmo, têm peles de cores diferentes. O dia em que formos todos novamente "reduzidos" a animais, quem sabe lembraremos da nossa tarefa de cuidar dos nossos irmãos que não podem dialogar pelas palavras.


31 maio, 2012

Composição

É gostoso se sentir num caminho certo, ou ao menos, ouvir ecos a idéias que você julga certas.
Assistindo Zoombido, programa com Paulinho Moska, entrevistando Xangai. Compositor brasileiro, baiano, de quem eu nunca tinha ouvido falar.
Xangai canta muito do sertão, de voz grave e marcante, temática simples e de coloridos mil através de penas, sons e memórias do campo.
Quando perguntado "o que é compor", o início de sua resposta é simples: "compor é espiritual, é pra quem merece, só aparece quando se merece".

Eu, ignorantemente, larguei de ouvir o resto da resposta pra escrever isso. Quando resolvi voltar pra ouvir o restante, peguei a ultima frase, que calou Paulinho Moska, por instantes:

"A única coisa que se compara, em beleza, à música, é o amor"
Xangai

Há algum tempo publiquei aqui falando sobre a arte, sobre fotografar e compor, quando um senhorzinho super simples me disse que somos antenas a captar a inspiração do mundo. A arte não é nossa, e não só nossa. A arte que produzimos é captada das energias do mundo, do sopro de espíritos doces e, hora amargos, filtrados por nossas almas e traduzido por nossos instrumentos. Sejam musicais, visuais, captadores ou produtores de arte.

Somos antenas captadoras de sentimento, cabe a nós cultivar o amor dentro de nossos corações a fim de mantermos nossos instrumentos afinados, ajustados e lubrificados.

15 abril, 2012

Sonic?

Hoje, no Ibirapuera, o novo modelo da GM, o Sonic, com logos cobertos antes do lançamento oficial.
Bonitão, mas a traseira me incomoda um pouco.
Não, não vou postar foto da traseira porque estou com preguiça de editar a placa. Mas é óbvio que é de São Caetano do Sul/SP.

24 março, 2012

Adeus Chico

É triste que o Chico tenha morrido. A morte de qualquer um querido, da família ou não, é sempre triste.

Mas a vida é um ciclo, e como todos eles, ela também tem sua hora de acabar. É um ciclo que gera um desgaste ao corpo, à mente, às relações... É hora de entender que um ciclo acabou. O corpo de Chico já pedira água, já não respondia ao simples e essencial desejo de respiração. Que dirá às súplicas de milhões de fãs por novas piadas.

Vai Chico. Aprendi o que era humor vendo teus programas, dentre outros como Renato Aragão, Jô Soares e Agildo Ribeiro na TV, quando, sem efeitos, fazias a magia de ser mil pessoas em uma só noite. E eu, criança, sempre duvidava quando minha mãe dizia que era só você.

Mas agora, mundão, chega de lamentar. Deixemos aquele que abriu as portas procurar por novas caras tristes para fazer rir, pra onde quer que tenha ido, enquanto outros tentam, humildemente, serem tão grandes quanto ele. E que nós possamos ter a delicadeza e o respeito de admirar novos artistas e dar-lhes a graça de nossas palmas, nossas risadas e a chance de trilhar o brilhante e enebriante caminho do sucesso.

"O destino do palhaço é, ao enxugar suas lágrimas, procurar novas chances de fazer sorrir." (Pandorf, Renato)

14 março, 2012

Dia da Poesia

Que mania é essa de definir poesia
Como o que se lê, se escreve, se convém chamar assim
Desse jeito você se esquece
Que poesia não é só letra, palavra, como flor não é só o jasmim

Poesia é luz, é cor, é ver além dos olhos
É sentir, é cantar, é fazer e também apreciar o feito
Poesia é por no papel, no filme, no sensor
Tudo aquilo que a gente, com tanto carinho, carrega no peito...

No #Dia da Poesia, uma quadrinha inspirada pela minha forma de ver a beleza no absurdo caótico do mundo: a minha fotografia e a minha mania de escrever.

05 março, 2012

Exercício literário - Visões não românticas

Num arroubo pós almoço, me peguei pensando em como todas as letras de música são perfeitinhas... Ela o larga, ele suplica a sua volta. Ele a deixa, sente sua falta, volta arrependido (note que ele e ela são intercambiáveis). Pense aí, leitor, as N situações possíveis.

Sendo assim, escrevi uma visão diferente nas quadrinhas abaixo. Não tem muita pretensão de rima ou estilo, tem a intenção de dar um retrato mais frio de uma realidade.


Ela se foi
E achou que com isso eu me importava
Que era ela quem me deixava a sofrer
A morrer sozinho

Ela quis fugir
Dizia que ainda me amava
Mas também não mais suportava viver assim
Num mundo tão frio

Não ouviu
Que eu dizia exatamente o contrário
Suas coisas já nem estavam mais no armário
E quem a queria longe, de vez, era eu

Entendeu
Que eu deixaria a porta aberta pra um retorno
Que viveria ao lado dela um sonho morno
Requentado de outras manhãs

Mas quando se deu conta
De como agia feito tonta tentou voltar

Mas mesmo assim ainda exigiu
Que tudo fosse como fora
Tempos atrás, e nunca mais
Se falasse em partir

Amigo, imagine só a cena
Discurso todo feito, longo, duro e sem pena
Pra uma vaga vazia de estacionamento
Onde só a ouvia o pátio cinza, de cimento

13 fevereiro, 2012

Maníacos pelo fim

Mais uma noite de análises e captações de inspirações e textos e cá estou eu de volta, pra vomitar tudo para vocês, fiéis leitores. Todos os três.

Estava vendo um pouco de como é o mundo... Note que, se você fala para alguém que está com alguma dificuldade, que está buscando um objetivo e ele demora a chegar, a primeira coisa que se ouve é "calma, no fim, tudo vai dar certo. Se não deu certo, é porque não chegou ao fim ainda"...

Aí você troca de canal na TV, e a próxima propaganda é de algum tipo de previdência privada, seguro de vida, ou alguma tralha que o valha com um slogan do tipo "programe agora o fim da sua vida"... Olha que já existe até uma espécie de "plano de assistência funeral"!

Tudo é em redor do fim? Alguém vem pra esse mundo com o objetivo de morrer logo, de acabar com tudo e esperar um grande vazio depois?

Mesma coisa esse lance todo de 2012. As pessoas se empolgam com essa coisa de apocalipse nuclear, ou aquecimento global, ou tsunamis globais... Olha o padrão aí de novo! É uma mania de querer ver o fim, a destruição de tudo. É quase uma vontade de jogar o brinquedo quebrado fora e pegar um novo na caixa, sem vícios, sem rodinhas tortas ou tinta descascando.

O que há de errado em aproveitar o momento em que vivemos? É quando vejo o pessoal no twitter, 2a feira, 8 da manhã já mandando um "falta muito pra sexta?" que isso mais me afeta... Veja, se você levantou cedo, já encarou o trânsito, chegou ao trabalho e resolve entrar nessa babaquice de praguejar um novo dia, o que você realmente espera da sua semana? Um fim, não é?

É por isso que digo que nós, seres humanos, somos "maníacos pelo fim". Nascemos questionando o como morreremos, somos programados pelo meio para desejar o fim do dia, o fim da semana, o fim do mês... O fim...

Mas e ao deparar com o fim da trilha, com o silêncio da queda das cortinas e o fim da luz... por que o desespero em querer uma nova chance, se a que nos foi dada fora desperdiçada perseguindo o fim?

09 fevereiro, 2012

O Mochileiro

Pegou sua mochila, pôs nas costas, somente o necessário. Mas era grande, daquelas de prender na cintura, cabia bastante coisa.
Pegou, pôs nas costas, se saiu pela vida. No caminho, enquanto seguia sua jornada, cada dia era um conteúdo novo pra sua mochila.
Cada amizade, cada briga, cada amor, cada refeição... tudo era um novo item, ocupando seu espaço na mochila.
Só que a cada dia de nova caminhada, a mochila pesava mais. Era hora de deixá-la um pouco mais leve.
E ele começou, assim, a se livrar do que não precisava. As mágoas que carregava e só pesavam, deu aos passarinhos que cantavam eu seu caminho. E eles as carregaram ao longe.
Dos momentos tristes, tirou suas lições e a tristeza em si deu à lua que iluminava sua noite. A linda lua, a trocou pelo brilho das estrelas, e velou seu sono dia após dia.
A felicidade... ahn, essa ele queria carregar consigo sempre, mas até ela ocupava espaço na mochila, veja como é. Então, ele resolveu dividí-la com as pessoas do caminho e, quanto mais felicidade ele dividia com as pessoas, mais dela brotava na mochila. Era como se ela se multiplicasse através da divisão, paradoxalmente!
Aí veio a saudade... Essa era impiedosa, batia sem dó e ele não sabia como tirá-la da mochila. Um dia, quando a saudade pesava bastante numa subida dura, sob o sol escaldante, ele titubeou e quase caiu.
Foi quando ele olhou pra trás e viu uma multidão de mochileiros, cada um com um jeito diferente de estar do seu lado, prontos pra dividir mais esse peso da sua mochila.
 
 
 
(Essa me invadiu a mente ontem, e só saiu hoje. Tem aí um dedinho do Velho, algumas imagens minhas, alguma ludicidade e um pouco do meu momento atual.)

31 janeiro, 2012

Devaneios: "cuidando" de alguém

Estava num devaneio particular nesses dias pensando um pouco sobre algumas letras de canções românticas... Por que há essa extrema necessidade do interlocutor de ter uma "segunda mãe", quase?
 
Explico: note que há um grande número de canções em que o interlocutor reclama que precisa de alguém pra dar rumo na vida, pra cuidar dele, pra ensinar... Isso me parece mais com algum tipo de incompetência ou com o cara precisando da mamãe de novo, porque não aprendeu nada enquanto crescia e agora não sabe se virar sozinho, é isso? Ou é um lance meio freudiano, ou edipiano, de o cara transportar pra mulher a vontade de pegar a mãe?
 
Mulherada, e vocês, têm essa coisa de querer cuidar do cara por que? Muitas têm essa fantasia, não neguem!
O que é quase paradoxal, porque quando vocês se deparam com um cara independente, que cozinha bem, por exemplo, ficam empolgadinhas e tudo mais...
 
Minha visão: você, que está procurando um relacionamento em que precisa de alguém pra cuidar de você, está arrumando e dor de cabeça. Procure alguém pra dividir, se quiser alguém pra cuidar de você, volte pra casa da mamãe que é mais fácil...

18 janeiro, 2012

Ciclo criativo

É que às vezes, falta rumo
É como se nem sonho fosse insumo
E parece que, no meio de tudo, eu sumo...

Mas nem é bem assim
Afinal, céu cinza não é só fim
Talvez pareça aí fora, mas não dentro de mim

Porque antes das luzes do palco
Do brilho da ribalta, do ápice, de todo o sucesso
Há o preto da escadaria, a luz escassa do bastidor
O árduo trabalho, talvez incompreendido e não livre de dor

Dor que pode ser de parto ou do parto
Se do parto, necessária, pra buscar novos rumos
Se de parto, inevitável, decretando a chegada dos novos rumos
E de novo, recomeça tudo, novos sonhos, mais insumos


("celebrando" novas vontades)