25 julho, 2014

Você não morre mais! Falei de você hoje!

Acabei de ouvir a frase "Você não morre mais! Falei de você hoje!" de uma pessoa que falava ao telefone perto de mim.

Parei pra pensar, num daqueles devaneios simplistas: imagina se só falar de uma pessoa fosse suficiente para ela "não morrer mais"?

Seria sensacional!

De um ponto de vista, falaríamos todos os dias das pessoas que amamos e admiramos. Teríamos cada vez mais pessoas falando de seus pais, irmãos, esposas, maridos, filhos e filhas... Falaríamos muito mais de poetas, músicos, artistas, falaríamos sem parar de tanta gente boa e querida!

Suassuna, por exemplo, ainda estaria entre nós. Aquela avó que fazia aquele bolo delicioso com café quentinho nas tardes chuvosas, o guitarrista que pedia uma chance para a paz, enfim, tanta gente querida - e de quem sentimos muita falta no mundo de hoje - ainda estaria por aí, alegrando e complementando nossas vidas.

Por outro lado, um lado mais obscuro, condenaríamos essas grandes pessoas a uma vida eterna, reanimada constantemente pela idolatria de desconhecidos, no caso dos grandes artistas em relação a seus fãs. E dá pra ser pior: naqueles nossos desejos mais sinistros, acabaríamos falando de assassinos e ditadores mundialmente conhecidos, que ainda estariam circulando pelo plano terrestre.

Imagina só: em vez de shows com Paul McCartney, teríamos os Beatles em São Paulo. Sem Lennon, claro, que largou a banda. Bom, possivelmente, sem McCartney que, creio, teria largado os dois outros membros dos fab four para seguir a sua promissora carreira na ocasião. É, acho que seria um fiasco o show de Ringo e George com bandas de apoio, enquanto Macca faria seus lindos shows lotados e caríssimos. E além disso, John estaria em algum lugar se apresentando com Yoko, talvez até com Sean no palco. Difícil de imaginar, né?

Já imaginou a Bahia ainda sob o poder de ACM? Ou ainda, Júlio César, o imperador romano, ainda colocando fogo em cidades pela Europa afora? Pois é, melhor nem cogitar.

Acabaríamos lendo jornais com matérias com títulos do tipo "aquele que não falamos o nome foi encontrado dirigindo um carro com 7kg de drogas na fronteira do Paraguai" só pra não arriscar manter o safado vivo.

Isso contando com o senso comum de que sabemos bem distinguir os bons dos maus, os que merecem viver dos que não merecem tal privilégio.

A verdade é que a beleza da vida está em sua finitude e na saudade que esta finitude pode gerar, além da mensagem implícita desta finitude:

Aproveite cada momento ao lado de quem você ama, afinal, a partida definitiva é certa.

21 julho, 2014

Zoo Luján: impressões sobre a atração mais polêmica da Argentina

Como prometido, vamos falar de Zoo Luján.

O Zoo Lujáné um zoológico bem diferente do que você está acostumado: nele, você entra na jaula de tigres, leões e outros animais.

Vamos começar falando de como chegar. No site você encontra vários detalhes, mas não encontra o principal: van.

O jeito mais fácil e com melhor custo benefício é ir de van. Em frente ao Obelisco, bem no centro da cidade, tem um terminal subterrâneo de vans e ônibus. Pergunte a qualquer policial como chegar que você se dá bem. Chegando lá, pergunte qual van vai para o Zoo Luján (não esqueça do buenos dias e do por favor). Me custou 120 pesos ida e volta.

O truque é que você precisa reservar um lugar, e isso ninguém te fala de primeira. Assim, se não conseguir lugar na primeira van que parar, peça ao motorista que reserve lugar para você na próxima. Elas passam em intervalos de 15 a 30 minutos. Recomendo chegar no terminal bem cedo, umas 7:30 ou 8:00.

Lugar reservado, quando a próxima van chegar, seu nome estará numa lista. Peça ao motorista que avise quando chegar ao zoológico. Pronto, é subir, relaxar e curtir a viagem de aproximadamente 1:10. Não recomendo assistir o caminho pelo pára brisa: você vai notar que o motorista não é exatamente um primor de habilidade! Aprecie a paisagem!

Chegando lá, há uma menina que reserva a van para a volta. É imprescindível que você reserve a van agora.
Essa menina diz que em 3 horas você cumpre o "recorrido" do parque. PORRANENHUMA! Reserve umas 5 ou 6. Reservei 4 e no fim não consegui ir a todas as jaulas que queríamos ir. Guarde os tickets que ela vai te entregar! Ela não os pega de volta, mas é sua única garantia de reserva.

Bom, caminho feito, detalhes dados, vamos entrar no parque! A entrada custa $150 pesos por pessoa. O valor parece valer bem a pena.

Pague, pegue seu mapa e siga as instruções da molecada que toma conta do local. Logo na entrada há uma barraca que vende a comida que você pode dar para os animais que ficam soltos. Recomendo MUITO forte que compre. Rende ÓTIMAS fotos, ainda mais com crianças.

Sim, você leu certo: animais soltos! Lhamas, patos, gansos, camelos, todos soltos. As lhamas são bem fominhas, tome cuidado em deixar a comida exposta! Elas até te seguem por algum tempo. Tome cuidado com elas também na questão da cusparada: se notar que estão muito quietas com os dentes da frente à mostra, saia de perto ou arque com as consequências!

Bom, você passou ileso pelas partes burocráticas e é hora de encontrar a fonte de toda a polêmica: os grandes felinos em suas jaulas!

Escolha a sua jaula preferida e entre na fila: em média,  45 min a 1 h de fila para cada jaula. Sinceramente, é uma sensação sem precedentes estar cara a cara com um tigre branco, como foi comigo. É surreal um animal daquele porte deitado na sua frente, como se dormisse... Isso, como se dormisse. E a polêmica está aí. Muitos dizem que os animais estão dopados. O zoo se defende dizendo que são a 5a geração de animais criados em cativeiro com cães, o que os torna dóceis a este ponto. Recomendo que vá e tire suas próprias conclusões.

Você encontra na internet depoimentos de veterinários que dizem não haver sinais clínicos de uso de qualquer droga nos animais, porém, ninguém do zoo fala do assunto.

O que me chamou atenção foram as condições de um dos leões, que já tem 18 anos. Mal tem músculos! O seu filho andava impacientemente de um lado a outro na jaula enquanto tirávamos fotos com ele. O neto, tão impaciente quanto, andava numa jaula menor, dentro da que estávamos. O urso, que até algum tempo atrás recebia visitas, estava isolado.

Não se esqueça de levar sua câmera e de seguir as instruções dos guias e tratadores. Você não quer que um gatinho desses resolva brincar de bolinha com você de jeito nenhum!

Quanto à comida, pode almoçar lá, sem muito medo. O choripán é bom, há outras opções de sanduíche e também um restaurante. Preços não muito convidativos, mas ainda assim vale a pena.

Pra dar aquela relaxada depois do almoço, vá ver os animais de fazenda. Patos e gansos vivem soltos pelo zoo e tem viveiros específicos para cabras, bodes e ovelhas. Tome cuidado com o seu cachecol, ou ele vira almoço de bode!

Ultimas recomendações: vá preparado para enfrentar filas e seguir ordens à risca quando nas jaulas. Você vai andar bastante também, logo, não se esqueça do conforto nas roupas. Veja a previsão do tempo pro dia que vai na região de Luján.

No dia de ir ao zoo, PERFUME ZERO. Você não quer um bichano super crescido encanado com seu cheiro.

A mais importante delas é: nas jaulas, só entram maiores de 16 anos. Isso mesmo, 16!
Logo, não prometa pra molecadinha mais nova que vai levá-los ao Zoo Luján: eles terão de ficar te esperando do lado de fora das jaulas e seu passeio vai se tornar uma imensa frustração.

Bom, depois de andar bastante, não se atrase para a volta da van. Ela não te espera e, perdendo a sua, pode ficar sujeito a ter de esperar uma possível vaga em outra (que nem sempre ocorre) ou ter de fazer o caminho de volta de táxi. São 65 km aproximadamente, o que vai causar um belo estrago no seu bolso, considerando que também há o pedágio no caminho.

Meu veredito? Não deixe de conhecer!

14 julho, 2014

Gigante na Argentina: Dicas e truques hermanos

Olá!

Dessa vez, vou falar um pouquinho da minha última viagem, Buenos Aires.
Em Julho.

Frio pacas!

Vou procurar não falar do óbvio, pra não ser tão repetitivo. Pros detalhes profundos e variados, recomendo o Aires Buenos, blog que um brasileiro que mora na Argentina.

Bom, vamos às dicas.

Ainda no Brasil:

1) Consulte a previsão do tempo e faça suas malas em cima dela. Chega daquela lenda de que a previsão do tempo está sempre errada: hoje em dia, dá pra confiar bem! Então, na hora de montar a mala, pense BEM no que levar.
Fui pra lá no início do inverno, que é GELADO. Temperaturas entre 5 e 12 graus!
Recomendo levar uma calça de um bom jeans, meias confortáveis e sapatos bons pra andar. Além disso, não se esqueça de uma jaqueta impermeável, cachecol e toca. Me dei muito bem nos 2 dias de chuva que enfrentei com essa indumentária.

2) Dinheiro: aqui, algo controverso. Se você aposta na segurança total, troque seu dinheiro aqui. Câmbio fixo, procedência garantida e tranquilidade são os bônus pra você que prefere a casa de câmbio.
Agora, se você está pronto pra correr um pequeno risco, a minha dica é: saia daqui com aproximadamente 500 pesos por pessoa e leve o restante do dinheiro em reais. Você consegue em alguns lugares no centro de BsAs pagar com real e, como aconteceu comigo, pode conseguir câmbio de 4 pesos por real em vez de 3. Porém, essa troca só consegui numa quantidade razoavelmente pequena de pesos no Caminito. Pondere bem!

3) Tomadas: as tomadas de Buenos Aires tem um padrão bem específico:



Se você vai levar aquela sua câmera fodona pra tirar fotos, obviamente vai precisar carregar a bateria. Certamente ela não vai se encaixar nesse padrão. Vale a pena, se você tiver, já levar seu adaptador. Caso não tenha, encontra fácil nos camelôs por volta de R$ 20,00.

4) Carro: ainda aqui, está valendo a pena deixar o carro no bolsão do aeroporto de Guarulhos. Os preços estão interessantes e valem mais a pena que um táxi, dependendo da região que você mora em SP. Além disso, recentemente instalaram o sistema Sem Parar, ou seja: você não precisa ter dinheiro pra pagar a estadia na hora de sair.

Leu bem esses detalhes? Agora então é hora de arrumar as malas e seguir viagem!

Fui de Aerolíneas Argentinas, o preço estava convidativo. Nenhum trauma no vôo.

Agora, em Buenos Aires:

1) Depois do desembarque, no Aeroparque, você tem duas opções: um remis, que foi minha opção, ou um táxi que fica logo na porta de saída.
Recomendo o remis, mesmo que o táxi saia mais barato: você paga um valor fixo antes da corrida no balcão da empresa (são 3 a escolher, bem no desembarque) e sai com um motorista designado pela companhia, sem surpresas, sem riscos.

2) Hotel: notei que boa parte dos hotéis em BsAs é de prédios antigos. Não se assuste! Ficamos no Ayamitre: ótima localização para quem, como nós, estava disposto a andar para conhecer a cidade. Pertinho do Congresso, Palácio das Águas, 9 de Julho, enfim, sensacional.

3) Kioscos: os kioscos são como as nossas lojas de conveniência dos postos de gasolina, mas sem os postos. Doces, bebidas, salgadinhos, você encontra de tudo lá. Muitos deles são interligados a parlatórios e lan houses, que podem ser úteis!

4) WiFi: tem WiFi em tudo quanto é canto da cidade. No centro, tem até WiFi público aberto e com um bom desempenho. Saia daqui com seu smartphone, coloque no modo avião e explore a cidade com o Google Maps ou o Guia do Trip Advisor. Vale MUITO a pena!

5) Transporte: tem ônibus e metrô na cidade toda. Eu aconselho que, se você quer conhecer a cidade, vá a pé e deixe o táxi como uma espécie de transporte de emergência. Dá pra ver muita coisa diferente no caminho, o que rende boas fotos e nos leva ao próximo tópico.

6) Câmera: BsAs é do naipe de São Paulo ou qualquer outra cidade grande do Brasil. Tem muita coisa bonita pra se fotografar mas também tem insegurança. Assim, saiba esconder sua câmera e esteja sempre de olho contra possíveis roubos. Vimos uma mulher perder a bolsa dentro do café Tortoni, um cartão postal da Argentina: um homem entrou, bem vestido, barba feita, e simplesmente levou a bolsa que estava pendurada numa cadeira, sem chance de reação. Fique ligado!

7) Segurança: o óbvio. Nunca deixe todo seu dinheiro e documentos num lugar só, esteja sempre atento a tudo e nada vai te acontecer.

8) Trânsito: não recomendo de maneira NENHUMA alugar carro em Buenos Aires. Além de ser um gasto a mais e da gasolina ser cara, os motoristas portenhos não são exemplos de habilidade. Lá, divisão de faixas e faixa de pedestres são meros enfeites!

9) Compras: a única coisa que vale a pena comprar na Argentina é o couro e seus derivados. Pesquise bem e vai encontrar bons preço. Pechinchas escandalosas não fazem mais parte da rotina da cidade!

10) Comida: comer é bom barato se você pesquisar bem. Pessoalmente, achei a parrilla horrorosa. A carne é muito gordurosa e dura. Já o bife de chorizo é bom, mas muitas casas em São Paulo já fazem melhores.

Pra fechar o texto, a dica mais importante: use a sua educação!
Sempre que for abordar alguém, comece a frase com "Buenos Dias" (ou o correspondente pra hora do dia" e termine com "Por Favor". O Argentino não se incomoda em ajudar, ao contrário, é até bem pró-ativo e tenta ajudar se te vir perdido ou procurando algo. Porém, ele não tolera má educação. Vi muitos brasileiros se comportando como fazem aqui no Brasil, como se fossem superiores aos demais por serem turistas. Vi uma brasileira que destratou um motorista de van ser deixada pra trás em detrimento de outras pessoas que usavam as palavras mágicas: buenos dias, por favor e gracias. Lembre-se: educação é o seu cartão de visitas, junto com o seu sorriso. E nenhum deles gasta ou acaba. Use sem dó!

Bom, as dicas ficam por aqui. Pode comentar que eu respondo na medida do possível.
Nos próximos textos, além de outros temas, vou falar de Zoo Lujan. Não perca!