17 outubro, 2011

Processos de composição

Me peguei, 6a à noite, escrevendo uma música.
Tecnicamente nem escrevendo estava, afinal, só gravei o áudio. Mas é impressionante como a música veio quase toda na minha cabeça, com direito a linha de baixo, teclado e tudo mais. Obviamente, a letra ficou de fora.
De repente, me vi, com algo quase pronto no colo. A dificuldade ficou só em traduzir aquilo tudo pros instrumentos e gravar em multicanais no note mesmo.

Isso levanta na minha mente uma questão: até onde nós realmente criamos algo nesse setor artístico, até que ponto não somos meras antenas captando as energias do universo e as traduzindo em algo inteligível pra que sejam apreciadas por todos, com uma pitada do que dita o nosso próprio coração?

Me lembro de estar na Federação Espírita Paulista e ouvir de um senhor de sorriso fácil e sereno que tudo o que criamos é resultado do que paira no ar, que somos essas antenas que citei acima. E ele dizia isso com poesia, com uma delicadeza de quem acaricia os ouvidos de um estranho com as mais belas e verdadeiras palavras que se pode pronunciar.

Se assim é, vamos ver quando as antenas captam novamente o fim dessa história. Ao menos um trechinho vem pra cá pra vocês ouvirem. Curioso, novamente, é que a melodia ficou triste, quase soturna em sua primeira versão.

13 outubro, 2011

Sacrovilania

É como se, poeticamente, fosse rogado a ele que tivesse esse anseio...
Mas desde sempre, presente dentro de sua essência, sentia que aquilo era necessário. Talvez, fosse aquilo que o motivasse a seguir em frente.
Tal qual um romance entre um ser etéreo e uma mortal, aquele cenário se pintava em sua vida. E ainda assim, antes, ele o vivera.
Nemesis, talvez. "Judith", ele sempre pensou.
Mas será que esse homem precisa disso? De onde vem essa analogia que ele sente, que o leva a crer que precisa dessa mistura de porto seguro e ruína, de fascínio e repulsa presente nessa sacrovilã relação?
A sensação de missão a cumprir escorrendo pelos dedos já tirou muito de seu sono. E ao mesmo tempo, já lhe deu muitos sonhos felizes.
Só que o tempo passou, muito aconteceu e ele mudou.

Pra onde irá agora.

Às vezes, só precisava ouvir "não é como se você tivesse matado alguém ou tivesse enfiado uma lança, cheia de ódio, em suas costelas".
Mas só o que ouvira, fora que a tinha feito mal, mesmo que as memórias ruins tivessem sido apagadas pela lembrança dos sorrisos e do suor de suas peles se unindo num só e escorrendo por seus corpos exaustos e, ao mesmo tempo, sedentos.


(#NowPlaying Judith/A Perfect Circle e Schism/A Perfect Circle)
P.S.: Post sujeito a mudar de título