26 junho, 2014

Da finitude e esquecimento

Estou recentemente refletindo sobre a finitude não só da vida humana, mas dos ciclos e papéis que exercemos durante a nossa vida.

Todos os nossos papéis, todas as personas que encarnamos, são finitas. São partes de algo maior, peças da máquina, engrenagens de sangue, suor, sentimentos e lágrimas. De alegria e de tristeza.

A própria vida é um ciclo finito. Ao menos, nesse corpo físico. A vantagem da vida, que é também uma desvantagem, é que nunca sabemos quando o fim chegará. Buscamos sempre adiar esse fim, mesmo que nos sabotemos inconsciente e involuntariamente através de nossos hábitos, apressando o temido desfecho de nossa participação nesse palco de interações humanas.

Só que veja, o alvo da minha reflexão não é a vida como um todo, mas sim, uma de nossas personas, um dos ciclos que vivemos dentro dela, seu fim e suas consequências para nosso ego.

Já parou pra refletir sobre um desses fins? Já olhou pra trás e viu quantas pessoas andavam ao seu lado durante uma determinada etapa da sua vida? Onde essas pessoas estão agora? O que será que estão fazendo? E, para o nosso ego, a pergunta mais importante: será que essas pessoas lembram de nós?

Será que estamos prontos para "nascer" como uma nova persona, viver um ciclo finito - mesmo sem saber quando ele vai acabar - e "morrer" no momento certo, deixando para trás o que precisa ser deixado?

Mais adiante disso: será que estamos prontos para deixar uma obra, mesmo que não seja percebida como nossa, e seguir em frente? Conseguiremos na hora certa, mesmo que não saibamos determinar a derradeira hora, deixar para trás as ferramentas e produtos de um ciclo para que outros o vivam de sua maneira e nós sigamos com nossa jornada?

E como última pergunta num texto cheio de interrogações: será que estamos prontos para sermos esquecidos, como uma foto na parede onde todos conhecem o lugar, cores, situações, mas não o nome dos fotografados?

Ciclos, personas, vida... a iminência do fim e a vontade de permanecermos numa situação cômoda que é a de exercer o papel que conhecemos nos torna covardes diante do desafio que se delinea no horizonte: o próximo renascimento.

Um comentário:

Walmir Basevic disse...

Keep walking...