Me peguei, 6a à noite, escrevendo uma música.
Tecnicamente nem escrevendo estava, afinal, só gravei o áudio. Mas é impressionante como a música veio quase toda na minha cabeça, com direito a linha de baixo, teclado e tudo mais. Obviamente, a letra ficou de fora.
De repente, me vi, com algo quase pronto no colo. A dificuldade ficou só em traduzir aquilo tudo pros instrumentos e gravar em multicanais no note mesmo.
Isso levanta na minha mente uma questão: até onde nós realmente criamos algo nesse setor artístico, até que ponto não somos meras antenas captando as energias do universo e as traduzindo em algo inteligível pra que sejam apreciadas por todos, com uma pitada do que dita o nosso próprio coração?
Me lembro de estar na Federação Espírita Paulista e ouvir de um senhor de sorriso fácil e sereno que tudo o que criamos é resultado do que paira no ar, que somos essas antenas que citei acima. E ele dizia isso com poesia, com uma delicadeza de quem acaricia os ouvidos de um estranho com as mais belas e verdadeiras palavras que se pode pronunciar.
Se assim é, vamos ver quando as antenas captam novamente o fim dessa história. Ao menos um trechinho vem pra cá pra vocês ouvirem. Curioso, novamente, é que a melodia ficou triste, quase soturna em sua primeira versão.
Um comentário:
Pensando desta forma é quase risível como insistimos em tratar as criações como produtos que possuímos, ou como filhos que geramos para esconder de baixo da saia, e não para o mundo.
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