09 fevereiro, 2010

De chuvas e consequências

Mais de 40 dias chovendo diariamente em SP e região. E nada de chuvisco, todos os dias chuva forte, ventos, raios, trovões e até granizo. Faz bem de vez em quando, mas todos os dias, não dá! Mata, literalmente.

Trafego diariamente entre ABC Paulista e Largo do Socorro, em Santo Amaro, e o caminho se tornou um caos generalizado. Agradeço por morar numa região alta do ABC, mas até na minha casa estourou goteira e telha, entre outras coisas.

O óbvio: o trânsito foi pro espaço. É chover e nada fluir mais. A não ser, claro, vários novos córregos, derivados dos antigos, que saem do meio das casas, das bocas de lobo, ou de qualquer veio que a força da água seja capaz de criar.

O não tão óbvio: a tristeza que dá, de sair de casa e corta bairros residenciais e ver árvores caídas, lama, lixo por toda a parte, é algo perto do indescritível, desolante.

A consequência: é muito fácil se comover com tudo isso, esbravejar contra o governo e as autoridades, mas alguém já pensou que vivemos consequência, e não problema? Olha lá, no meio de toda a lama, se é realmente, só lama que se encontra nas limpezas das ruas e casas.
É papel de bala, pacote de bolacha, garrafinha d'água, latinha de refrigerante, sofá (!!), resto de obra... Uma infinidade de restos e descartes, um coletivo do que não se quer mais e não desperta qualquer sentimento senão o de desprezo, jogados na esquina. Afinal, "alguém limpa aí, eu pago imposto pra isso".

Disso, podemos concluir o que? Que o prefeito lá da nossa cidade, ou o lixeiro, ou os varredores não estão fazendo o trabalho direito? Não estou eximindo as prefeituras e órgãos responsáveis, não é isso. Mas a cultura do "comigo não morreu" aplicada no dia a dia das pessoas tem, cada vez mais, se convertido no prego da tampa do caixão da vida em sociedade urbana.

Em tempos de reciclagem, dê uma olhadinha rápida no que foi que causou o entupimento do bueiro ali, pertinho da sua casa. Pelo menos metade daquilo poderia ser reciclado ou reaproveitado de alguma maneira. Mas agora, sujo de lama, o custo do reaproveitamento subiu demais. E o destino deste material é o lixão.

Nos tornamos um círculo vicioso. Não reciclamos porque dá trabalho limpar o lixo pra reciclar.

Mas Gigante, você recicla?
Parando pra pensar, passo a maior parte do meu dia no trabalho. E aqui temos sim coleta seletiva. Na minha casa, separamos o orgânico, as garrafas PET, caixas de leite (que vão pro Grupo Escoteiro e viram atividade!) e reaproveitamos copos plásticos e sacolinhas. Não é o mundo ideal, mas é um passinho.

Vamos ao menos parar de jogar o lixo na rua, colocar os sacos pro lixeiro buscar na hora certa, assim a chuva não o carrega pros esgotos... É um pouquinho de educação!

Hoje volta a chover, pela previsão do tempo. Depois do Carnaval, pelo que ouvi, tem mais.
Vamos deixar a cidade atolar novamente?

Um comentário:

Kizoza disse...

TUDO começa com um passinho.

E o que me mata de dor na boca do estômago é esse povo que culpa sempre o governo por causa das enchentes mas sempre joga um "papelzinho" pra fora do carro pq um só não tem problema.

¬¬'

Imagino o quanto vc compartilha desse meu pensamento...