Acho que é só essa a palavra pra definir o que tomou conta de mim ontem. Saí fugido da empresa, os céus de São Paulo estavam cinza-chumbo, prenúncio do que seria a causa de um alagamento monstro e vitimaria uma senhora de 86 anos, de acordo com a repórter do rádio hoje de manhã.
Como tradicionalmente faço, saí em direção à Av. João Dias, mas acabei decidindo ir pela Marginal Pinheiros, sabe se lá por que cargas d'água (sic). E foi isso que me revirou estômago e mente.
Tomado pela curiosidade em saber o que causava um trânsito intenso na pista espressa (estava na local), me peguei olhando através do arborizado canteiro central da via, em busca de algum detalhe. E foi isso que me chocou: em direção à pista, vinha um morador de rua, maltrapilho, sujo, com o que parecia uma escova de dentes nas mãos.
O que me causou indignação, uma total perda de qualquer rumo que eu pudesse ter, foi o ato de o pobre senhor se abaixar e utilizar a água da sarjeta para molhar a escova e, assim, poder escovar seus dentes.
Pode um ser humano ter de chegar a este ponto? Que circunstâncias levaram esse senhor a tal vida? Será ele uma vítima da vida urbana, no progresso que engole empregos pela obsolescência de muitos trabalhos, ou seria mesmo alguém que não teve capacidade, até mesmo vontade, de se reerguer e procurar um melhor caminho para sua vida?
Para essas perguntas, e muitas mais, não terei as respostas. Mas me sinto completamente desnorteado com tal realidade numa megalópole como São Paulo, tida como terra das oportunidades por tantos no país e até no mundo.
Que fique como protesto, como uma forma de dizer que acho ABSURDO pagar um valor altíssimo pelo IPVA, por exemplo, e saber que essas pessoas não terão uma assistência adequada. E olha que eu nem reclamei das vias!
Um comentário:
Meu amigo, eu vejo isso e muito mais todos os dias, no trânsito de Porto Alegre.
Há braços!!
Mauro Castro
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