Discutindo por e-mail com o Erick, do Garkptoj, acabamos chegando a algumas conclusões relacionadas a alguns rumos desse país.
Tangendo o nosso papo, fatos como a falta de vontade de mudar de algumas pessoas e a falta de coragem pra arriscar de outras, entre outras coisas.
Acabei de reler o último post daqui do Blog do Gigante e o último do Garkptoj, um falando sobre ensino e o outro, sobre as condições de trabalho na capital federal, respectivamente, e resolvi falar sobre um conceito que acabamos traçando em nossa troca de e-mails, o do Horacismo.
Horacismo é essa deficiência da qual padecem muitos brasileiros que faz com que eles, ao invés de quererem algo mais da vida, simplesmente aceitem o que lhes é entregue pelo destino.
Inspirado no personagem Horácio, o pequeno e simpático dinossauro das histórias de Maurício de Souza, o termo tenta mostrar exatamente isso: como a personagem dos gibis, essas pessoas se comportam como se tivessem braços curtos demais pra arregaçar as mangas e trabalhar por sua felicidade e sucesso.
Mesma coisa é a constante reclamação dos moradores de grandes cidades, como São Paulo, por causa de enchentes, por exemplo. Parafraseando o Erick em seu e-mail, "o mesmo indivíduo que joga o papel na rua é o que reclama da limpeza que a prefeitura deveria fazer e das enchentes que acontecem".
E eu concordo plenamente com ele: é mais fácil reclamar, sofrer de um horacismo agudo, que simplesmente mudar um hábito medíocre como esse, de jogar lixo na rua.
Outra coisa que vejo contribuir para essa enorme epidemia de horacismo é a cultura arraigada no comportamento das gerações das camadas mais pobres da população, o chamado "se Deus quiser".
Porque é assim que o povo se comporta: acontece uma tragédia, é porque "Deus quis assim", acontece algo bom, foi "benção de Deus". Não teria sido fruto de atitudes, consequência de atos prévios?
Afinal, um barraco só rola, por exemplo, se tiver sido construído numa área inadequada. E, antes de ele simplesmente ruir, existem sinais de desgaste prévio que precisam ser vistos.
Compreendo perfeitamente que temos problemas com distribuição de renda, de espaço urbano e tudo mais. Mas enquanto o brasileiro não se livrar desse pensamento de fazer as coisas "do jeito que dá", com o intuito de economizar, seja financeiramente ou intelectualmente, as coisas irão sempre de mal a pior.
Barracos rolarão, governos deitarão e rolarão, presidentes genocidas visitarão o país e fecharão ruas... Enquanto o povo, esse que deveria se esforçar pra crescer, vai continuar esperando que Deus, o presidente, o prefeito ou até mesmo o vizinho, tome uma atitude que o livre das consequências do horacismo.
Não viveremos pra ver a mudança desta cultura de uma forma global. Mas cabe a nós fazer a nossa parte, mudar nosso comportamento, pra que o horacismo não nos atinja. Nunca!
Um comentário:
O problema é que o tal Horacismo é mais "confortável" que pensar e agir criticamente sobre a vida, não é verdade? Sobre o meu blog, a periodicidade é diária (na grande maioria das vezes) e os temas básicos são música, literatura, comportamento, psicologia, crônicas gerais do cotidiano e minhas experimentações literárias. O nome Hedonismos tem um motivo que está se construindo aos poucos naquele espaço. Boa parte dos textos giram em torno do tema "prazer" sim, mas o tema não se fecha aí. Espero que goste de acompanhar. Estarei atento ao seu espaço também. Começou bem ao linkar dois bons amigos meus, o Inagaki, do Pensar Enlouquece e o Alex, do LLL (aliás, o Alex é a próxima estréia do Interney Blogs). Grande abraço.
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