24 março, 2012

Adeus Chico

É triste que o Chico tenha morrido. A morte de qualquer um querido, da família ou não, é sempre triste.

Mas a vida é um ciclo, e como todos eles, ela também tem sua hora de acabar. É um ciclo que gera um desgaste ao corpo, à mente, às relações... É hora de entender que um ciclo acabou. O corpo de Chico já pedira água, já não respondia ao simples e essencial desejo de respiração. Que dirá às súplicas de milhões de fãs por novas piadas.

Vai Chico. Aprendi o que era humor vendo teus programas, dentre outros como Renato Aragão, Jô Soares e Agildo Ribeiro na TV, quando, sem efeitos, fazias a magia de ser mil pessoas em uma só noite. E eu, criança, sempre duvidava quando minha mãe dizia que era só você.

Mas agora, mundão, chega de lamentar. Deixemos aquele que abriu as portas procurar por novas caras tristes para fazer rir, pra onde quer que tenha ido, enquanto outros tentam, humildemente, serem tão grandes quanto ele. E que nós possamos ter a delicadeza e o respeito de admirar novos artistas e dar-lhes a graça de nossas palmas, nossas risadas e a chance de trilhar o brilhante e enebriante caminho do sucesso.

"O destino do palhaço é, ao enxugar suas lágrimas, procurar novas chances de fazer sorrir." (Pandorf, Renato)

14 março, 2012

Dia da Poesia

Que mania é essa de definir poesia
Como o que se lê, se escreve, se convém chamar assim
Desse jeito você se esquece
Que poesia não é só letra, palavra, como flor não é só o jasmim

Poesia é luz, é cor, é ver além dos olhos
É sentir, é cantar, é fazer e também apreciar o feito
Poesia é por no papel, no filme, no sensor
Tudo aquilo que a gente, com tanto carinho, carrega no peito...

No #Dia da Poesia, uma quadrinha inspirada pela minha forma de ver a beleza no absurdo caótico do mundo: a minha fotografia e a minha mania de escrever.

05 março, 2012

Exercício literário - Visões não românticas

Num arroubo pós almoço, me peguei pensando em como todas as letras de música são perfeitinhas... Ela o larga, ele suplica a sua volta. Ele a deixa, sente sua falta, volta arrependido (note que ele e ela são intercambiáveis). Pense aí, leitor, as N situações possíveis.

Sendo assim, escrevi uma visão diferente nas quadrinhas abaixo. Não tem muita pretensão de rima ou estilo, tem a intenção de dar um retrato mais frio de uma realidade.


Ela se foi
E achou que com isso eu me importava
Que era ela quem me deixava a sofrer
A morrer sozinho

Ela quis fugir
Dizia que ainda me amava
Mas também não mais suportava viver assim
Num mundo tão frio

Não ouviu
Que eu dizia exatamente o contrário
Suas coisas já nem estavam mais no armário
E quem a queria longe, de vez, era eu

Entendeu
Que eu deixaria a porta aberta pra um retorno
Que viveria ao lado dela um sonho morno
Requentado de outras manhãs

Mas quando se deu conta
De como agia feito tonta tentou voltar

Mas mesmo assim ainda exigiu
Que tudo fosse como fora
Tempos atrás, e nunca mais
Se falasse em partir

Amigo, imagine só a cena
Discurso todo feito, longo, duro e sem pena
Pra uma vaga vazia de estacionamento
Onde só a ouvia o pátio cinza, de cimento