13 fevereiro, 2012

Maníacos pelo fim

Mais uma noite de análises e captações de inspirações e textos e cá estou eu de volta, pra vomitar tudo para vocês, fiéis leitores. Todos os três.

Estava vendo um pouco de como é o mundo... Note que, se você fala para alguém que está com alguma dificuldade, que está buscando um objetivo e ele demora a chegar, a primeira coisa que se ouve é "calma, no fim, tudo vai dar certo. Se não deu certo, é porque não chegou ao fim ainda"...

Aí você troca de canal na TV, e a próxima propaganda é de algum tipo de previdência privada, seguro de vida, ou alguma tralha que o valha com um slogan do tipo "programe agora o fim da sua vida"... Olha que já existe até uma espécie de "plano de assistência funeral"!

Tudo é em redor do fim? Alguém vem pra esse mundo com o objetivo de morrer logo, de acabar com tudo e esperar um grande vazio depois?

Mesma coisa esse lance todo de 2012. As pessoas se empolgam com essa coisa de apocalipse nuclear, ou aquecimento global, ou tsunamis globais... Olha o padrão aí de novo! É uma mania de querer ver o fim, a destruição de tudo. É quase uma vontade de jogar o brinquedo quebrado fora e pegar um novo na caixa, sem vícios, sem rodinhas tortas ou tinta descascando.

O que há de errado em aproveitar o momento em que vivemos? É quando vejo o pessoal no twitter, 2a feira, 8 da manhã já mandando um "falta muito pra sexta?" que isso mais me afeta... Veja, se você levantou cedo, já encarou o trânsito, chegou ao trabalho e resolve entrar nessa babaquice de praguejar um novo dia, o que você realmente espera da sua semana? Um fim, não é?

É por isso que digo que nós, seres humanos, somos "maníacos pelo fim". Nascemos questionando o como morreremos, somos programados pelo meio para desejar o fim do dia, o fim da semana, o fim do mês... O fim...

Mas e ao deparar com o fim da trilha, com o silêncio da queda das cortinas e o fim da luz... por que o desespero em querer uma nova chance, se a que nos foi dada fora desperdiçada perseguindo o fim?

09 fevereiro, 2012

O Mochileiro

Pegou sua mochila, pôs nas costas, somente o necessário. Mas era grande, daquelas de prender na cintura, cabia bastante coisa.
Pegou, pôs nas costas, se saiu pela vida. No caminho, enquanto seguia sua jornada, cada dia era um conteúdo novo pra sua mochila.
Cada amizade, cada briga, cada amor, cada refeição... tudo era um novo item, ocupando seu espaço na mochila.
Só que a cada dia de nova caminhada, a mochila pesava mais. Era hora de deixá-la um pouco mais leve.
E ele começou, assim, a se livrar do que não precisava. As mágoas que carregava e só pesavam, deu aos passarinhos que cantavam eu seu caminho. E eles as carregaram ao longe.
Dos momentos tristes, tirou suas lições e a tristeza em si deu à lua que iluminava sua noite. A linda lua, a trocou pelo brilho das estrelas, e velou seu sono dia após dia.
A felicidade... ahn, essa ele queria carregar consigo sempre, mas até ela ocupava espaço na mochila, veja como é. Então, ele resolveu dividí-la com as pessoas do caminho e, quanto mais felicidade ele dividia com as pessoas, mais dela brotava na mochila. Era como se ela se multiplicasse através da divisão, paradoxalmente!
Aí veio a saudade... Essa era impiedosa, batia sem dó e ele não sabia como tirá-la da mochila. Um dia, quando a saudade pesava bastante numa subida dura, sob o sol escaldante, ele titubeou e quase caiu.
Foi quando ele olhou pra trás e viu uma multidão de mochileiros, cada um com um jeito diferente de estar do seu lado, prontos pra dividir mais esse peso da sua mochila.
 
 
 
(Essa me invadiu a mente ontem, e só saiu hoje. Tem aí um dedinho do Velho, algumas imagens minhas, alguma ludicidade e um pouco do meu momento atual.)